Morte de belga de 12 anos com coronavírus gera preocupação sobre letalidade entre jovens

A adolescente se torna a mais jovem vítima da pneumonia viral na Europa, depois das mortes de uma francesa de 16 anos

Foto: Sebastien Bozon/AFP

Apoie Siga-nos no

O anúncio da morte de uma adolescente belga de 12 anos, contaminada pelo novo coronavírus, mostra que a Covid-19 pode ser fatal para pessoas de todas as idades. A menina, que não teve a identidade revelada, faleceu depois de apresentar um quadro febril durante três dias e ter recebido resultado positivo no teste de diagnóstico da doença.

A adolescente belga se torna a mais jovem vítima da pneumonia viral na Europa, depois das mortes de uma francesa de 16 anos, na semana passada, e de um menino de 14 anos em Portugal.

Sem dar detalhes sobre o estado de saúde da menina até o desenvolvimento da infecção, o médico Emmanuel André, um dos porta-vozes das autoridades da Saúde na Bélgica, sublinhou que se trata de “um caso muito raro”. Segundo ele, “é um momento emocionalmente difícil porque envolve uma criança. Pensamos na família dela e nas pessoas próximas”, declarou o especialista em uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (31), em Bruxelas. “O estado de saúde da adolescente se deteriorou depois de três dias de febre”, acrescentou o virologista Steven Van Gucht, outro porta-voz do governo.

A propagação do coronavírus prossegue na Bélgica, onde 705 pessoas morreram desde o início da epidemia. Os hospitais já receberam 4.920 pacientes com a Covid-19.

Infectologista francesa avalia riscos nos jovens

A chefe do setor de doenças infecciosas do Hospital Saint Antoine em Paris, Karine Lacombe, foi entrevistada pela rádio pública France Info sobre as possíveis causas da morte de pacientes muito jovens afetados pela Covid-19. O caso da adolescente belga, poucos dias após a francesa Julie, de 16 anos, ter sucumbido à infecção, gera questões sobre o efeito do vírus em crianças e adolescentes. Principalmente, depois de médicos afirmarem, nos primeiros dias da epidemia, que os jovens em geral são menos atingidos pela doença.


Lacombe lembrou que “quando temos uma infecção grave, em qualquer idade, existe risco de morte”. Segundo a médica, todos os anos, durante a epidemia sazonal de gripe, “crianças e adolescentes também morrem”. De acordo com a infectologista, os casos graves da Covid-19 entre menores são relativamente pouco numerosos, mas essas mortes podem ocorrer por várias razões.

“Em primeiro lugar, crianças e adolescentes podem sofrer de má-formações cardíacas congênitas, conhecidas como cardiomiopatias, que podem provocar uma parada cardíaca súbita quando ocorre uma infecção no organismo. É um evento extremamente raro, mas que pode acontecer”, explica a médica francesa.

“Em relação ao coronavírus, já sabemos que essa infecção viral aumenta os distúrbios de coagulação”, acrescenta a chefe do setor de doenças infecciosas do Hospital Saint Anne. “Existe o risco de ocorrer uma embolia pulmonar, ou seja, um coágulo de sangue bloquear os vasos dos pulmões. A resposta inflamatória excessiva provocada pelo novo coronavírus agrava o risco de embolia pulmonar, o que pode acontecer em qualquer idade”, destaca a médica, citando hipóteses que podem explicar o falecimento de pacientes muito jovens.

“Sinais como uma parada respiratória repentina e brutal ou uma degradação muito rápida das condições respiratórias, assim como uma dor aguda no tórax, provocando uma sensação de opressão no peito, devem alertar os pais de crianças e adolescentes a procurar atendimento médico de emergência”, concluiu Lacombe.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.