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Morte de cidadão negro durante prisão causa indignação nos EUA

George Floyd, cidadão americano negro, foi morto em em razão de abordagem violenta por parte dos policiais

Reprodução de vídeo publicado nas redes sociais, que denuncia a abordagem brutal de um policial a George Floyd, nos EUA - Foto: DARNELLA FRAZIER/FACEBOOK DARNELLA FRAZIER/AFP
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Quatro policiais de Minneapolis foram demitidos nesta terça-feira 26 após a morte de um George Floyd, cidadão americano negro em razão de abordagem violenta durante uma prisão, o que provocou indignação nesta cidade do norte dos EUA.  A família de Floyd denunciou uso “excessivo e desumano” de força contra ele, e acusou a polícia de racismo.

“Todos os quatro policiais de Minneapolis envolvidos na morte de George Floyd foram demitidos”, escreveu no Twitter o prefeito, Jacob Frey, ao considerar a demissão uma “boa decisão”. “Ser negro nos Estados Unidos não deveria ser uma sentença de morte”, disse Frey pouco antes, durante uma coletiva de imprensa na qual concordou que era normal as pessoas ficarem com raiva.

Ainda na terça-feira, cidadãos de Minneapolis depositaram flores no local da em que ocorreu a prisão. Alguns carregavam cartazes nos quais estavam escrito: “Parem de matar negros”.

Protesto contra a abordagem policial que vitimou George Floyd, nos EUA – Foto: Kerem Yucel/AFP

A abordagem a Floyd foi filmada por 10 minutos e transmitida ao vivo no Facebook Live, na última segunda-feira 25. Nas filmagens, um policial branco mantém o homem negro, de cerca de 40 anos, de bruços no chão, enquanto aperta o seu pescoço com o joelho.

O detido reclama por minutos sobre não conseguir respirar e estar sentindo dor, enquanto o policial diz para ele permanecer calmo. Um segundo policial teme que os pedestres acabem se aproximando, ao começarem a repreendê-los por perceber que Floyd não se mexia mais e parecia estar inconsciente.

“Ele não respirava mais, não se mexia mais, verifiquei o seu pulso”, relatou uma testemunha enquanto a polícia esperava uma ambulância chegar ao local, que demorou vários minutos. Floyd foi levado a um hospital, onde morreu pouco depois.

Um porta-voz da polícia disse na segunda que o homem, que parecia bêbado ou drogado, resistiu ao ser preso por policiais por um crime de falsificação. Depois de algemá-lo, o policial teria “percebido que o suspeito tinha um problema médico” e chamou a ambulância, declarou o porta-voz.

O caso lembra o de Eric Garner, um afro-americano que morreu asfixiado em Nova York durante sua prisão, também por policiais brancos, em 2014. Esse caso contribuiu para o nascimento do movimento Black Lives Matter e provocou uma onda de protestos nos Estados Unidos.  Como resultado desse caso, as polícias de Nova York e Los Angeles proibiram métodos imobilização de suspeitos, como o que consiste mantê-lo de bruços no chão.

“Um insulto”

O advogado da família de Floyd, Benjamin Crump, denunciou “uso abusivo, excessivo e desumano da força” por um delito “não violento”.  Crump também é advogado da família de Ahmaud Arbery, homem negro morto por dois brancos em fevereiro deste ano, no estado da Geórgia, em um caso que causou indignação depois que o vídeo foi divulgado. O chefe da polícia local indicou que o FBI investigará o ocorrido.

A associação de direitos civis (ACLU) denunciou a violência policial sem justificativas contra os negros.  “O público viu o vídeo. Dizer que se trata de ‘um incidente médico’ é um insulto”, acrescentou.

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