Mortes cruzadas

Em meio a violência inédita, os eleitores escolhem o presidente e os parlamentares para um mandato tampão

Tensão. Luiza Gonzalez lidera as pesquisas, mas sofre com a rejeição ao correísmo. Não se sabe para quem migrarão os votos de Villavicencio (esq.). Lasso assiste tudo a distância – Imagem: Rodrigo Buendia/AFP, Carlos Silva/Gabinete da Presidência/Equador e Redes sociais

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Em maio, sem apoio popular e ameaçado por um processo de impeachment, o presidente Guillermo Lasso recorreu a um dispositivo constitucional conhecido como “morte cruzada”. Dissolveu o Parlamento, abdicou do direito de disputar a reeleição e convocou eleições gerais antecipadas. À revelia de Lasso, a expressão ganharia contornos realistas. Em uma campanha marcada pelo medo, a violência e a interferência do crime organizado como nunca antes, o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, em 9 de agosto, 11 dias antes do primeiro turno, sintetiza o clima político e social no país.

O mais grave atentado em décadas demonstra o descontrole da segurança e o poderio da criminalidade. “Nos últimos anos, o crime penetrou nas instituições e nos grupos econômicos e desatou uma escalada de terror com pistolagem, extorsões, tráfico, assaltos e violência, sem que haja resposta governamental. Nossa situação é muito parecida com aquela enfrentada pela Colômbia nos anos 1980, com a diferença de não sermos produtores de drogas”, compara Carol Murillo, socióloga e professora da Universidade Central do Equador.

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2 comentários

ricardo fernandes de oliveira 24 de agosto de 2023 11h48
parece que quando existem denúncias de corrupção contra políticos que se dizem de esquerda são sempre falsas
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 27 de agosto de 2023 13h42
Parece que quando existem notícias de corrupção contra políticos, ninguém questiona se são verdadeiras ou não. Se um juiz ou promotor ou policial diz que tal ou qual político é corrupto, parece que fala com mandato de Deus.

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