‘Não permitiremos que qualquer país compense a Rússia por suas perdas’, dizem EUA à China

No fim do 19º dia da guerra, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, decidiu apresentar um projeto para estender a Lei Marcial no país

Foto: Aris Messinis/AFP

Apoie Siga-nos no

Os Estados Unidos fizeram um “alerta” direto à China, nesta segunda-feira 14, 19º dia da invasão da Ucrânia pelas tropas de Vladimir Putin. O conselheiro de segurança nacional norte-americano, Jake Sullivan, se reuniu em Roma com o Yang Jiechi, o mais alto diplomata do Partido Comunista Chinês.

“Comunicamos muito claramente a Pequim que não vamos ficar parados”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, a repórteres. “Não permitiremos que qualquer país compense a Rússia por suas perdas.”

À agência Reuters, uma autoridade dos Estados Unidos afirmou que a reunião foi “intensa” e refletiu “a gravidade do momento”.

Após o encontro, uma funcionária da Casa Branca declarou à agência AFP que o governo norte-americano está “profundamente preocupado” com a postura da China de “alinhamento com a Rússia” na guerra da Ucrânia.

Segundo parte da imprensa dos Estados Unidos, a Rússia pediu ajuda militar e econômica ao governo chinês para suas ações em território ucraniano.

Questionado pela Reuters sobre as supostas solicitações, o porta-voz do governo Putin, Dmitry Peskov, negou: “A Rússia possui seu próprio potencial independente para continuar a operação. Como dissemos, ela está indo de acordo com o planejado e será concluída a tempo e na íntegra”.


Na semana passada, o governo de Xi Jinping reforçou que a amizade com a Rússia permanece “sólida”, apesar das sanções internacionais contra Moscou, e se ofereceu como mediador para acabar com a guerra.

Enquanto isso, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, decidiu apresentar um projeto de lei ao Parlamento do país para estender a Lei Marcial por 30 dias a partir de 24 de março.

A Lei Marcial foi decretada por Zelensky em 24 de fevereiro, um dia após o início da operação militar russa. Trata-se de um mecanismo implementado durante conflitos e crises civis e políticos – por meio dele, leis civis são substituídas por leis militares.

A decisão de Zelensky ocorre em meio a dificuldades nas tratativas entre Rússia e Ucrânia. Nesta segunda, o governo Putin declarou que as negociações com Kiev ocorrem diariamente, sem folgas, por videoconferência. A afirmação partiu do assessor presidencial Vladimir Medinsky, chefe da delegação russa nas discussões.

“Esse formato economiza muita energia e muitos meios. Estamos tentando fazer o nosso melhor para garantir o cumprimento das tarefas estabelecidas por Vladimir Putin e pelo bem do futuro pacífico da Rússia”, disse Medinsky em publicação no Telegram.

Mais cedo, um dos negociadores do governo ucraniano declarou que houve uma “pausa técnica” nos diálogos. O objetivo da interrupção, que segundo Mikhailo Podolyak deve durar até esta terça 15, é “permitir que sigamos trabalhando nos subgrupos de trabalho e esclarecer alguns termos”.

As conversas desta segunda ocorreram virtualmente. Já houve três rodadas marcadas por discussões frente a frente, em Belarus (duas vezes) e na Turquia.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.