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Os incidentes em Dublin após ataque com faca que deixou 5 feridos

Delegado mencionou uma ‘facção de ultras loucos, movidos por uma ideologia de extrema-direita’

Veículos em chama em Dublin, em 23 de novembro, dia de uma manifestação de extrema-direita. Foto: Peter Murphy/AFP
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Confrontos atribuídos à extrema-direita sacudiram Dublin na noite desta quinta-feira 23, depois que cinco pessoas, três delas crianças, ficaram feridas em um ataque que, segundo a polícia irlandesa, não teve motivação “terrorista”.

Os incidentes ocorreram em uma manifestação, na qual centenas de pessoas exibiam cartazes que diziam “Irish Lives Matter” (as vidas dos irlandeses importam) e bandeiras do país. O ato foi realizado em um bairro com forte população de imigrantes, constatou um jornalista da AFP.

Um carro da polícia foi incendiado e as forças de segurança foram alvo de projéteis atirados pela multidão, que também se mostrou hostil à “mídia ‘mainstream‘” (dominante).

“Não toleraremos que um pequeno grupo use atos atrozes para semear a divisão”, declarou em um comunicado a ministra da Justiça, Helen McEntee, pedindo “calma” aos manifestantes.

Os ataques contra a polícia deverão ser “condenados” e serão tratados “com severidade”, acrescentou.

“Rumores” e “insinuações”

O delegado Drew Harris mencionou uma “facção de ‘ultras’ loucos, movidos por uma ideologia de extrema-direita”.

“Os fatos ainda não estão claros” ressaltou, lamentando os “rumores” e “insinuações” que se propagaram “de forma mal intencionada”.

“Irlandeses foram atacados por essa escória”, disse um indivíduo envolvido na confusão. Em meio à multidão, alguns mencionaram o homicídio de uma jovem professora, cometido por um eslovaco, que foi condenado recentemente à prisão perpétua.

Saques foram relatados em uma rua comercial da cidade, depois que um grupo de jovens aproveitou a ausência da polícia no local.

Segundo os primeiros elementos da investigação, um homem agrediu várias pessoas no começo da tarde, informou, durante coletiva de imprensa, Liam Geraghty, chefe da polícia local.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, anunciou que um suspeito foi detido.

Segundo a polícia, trata-se de um homem de 50 anos, que foi hospitalizado.

A polícia não procura “ninguém mais”, disse Geraghty, destacando que os investigadores descartam qualquer motivação “terrorista” com base nos primeiros elementos da investigação.

“Parece ser um ataque isolado, cujas razões temos de elucidar”, afirmou, referindo-se ao uso de uma faca. “No entanto, não podemos dar mais informações sobre a natureza das lesões.”

Os fatos ocorreram perto de uma escola, segundo a imprensa irlandesa.

As cinco vítimas foram levadas para vários hospitais na região da capital irlandesa, segundo a polícia.

Consternação

“Todos estamos chocados com os acontecimentos na Parnell Square”, declarou o premiê irlandês em um comunicado, no qual expressou que seus “pensamentos e orações” estão com as vítimas e suas famílias.

“Os fatos deste caso estão sendo esclarecidos. Os serviços de emergência reagiram muito rapidamente e chegaram em minutos”, prosseguiu.

As vítimas são um homem, uma mulher e três crianças pequenas.

Segundo a polícia, uma menina de cinco anos e a mulher, na casa dos 30, estão “gravemente” feridos. Um menino de cinco anos teve alta e pôde deixar o hospital.

Um cordão de segurança foi estabelecido pela polícia ao redor do local do incidente, no centro da capital irlandesa.

“Sem pensar, atravessei a rua para ajudar”, contou Siobhan Kearney, testemunha do ataque, à RTE.

Segundo seu relato, o agressor foi desarmado com a ajuda de um jovem. “Outro homem pegou a faca e a guardou” para entregá-la à polícia, disse.

“Duas crianças e a mulher foram levadas para dentro da escola” de onde tinham saído, acrescentou Kearney, que descreveu um cenário de confusão.

De acordo com a testemunha, o agressor foi contido no chão, com a ajuda de várias pessoas.

A chefe do Sinn Fein, Mary Lou McDonald, terceira força política no Parlamento irlandês, se disse “horrorizada” com os fatos e afirmou ter se reunido com o chefe do estabelecimento, chamado Gaelscoil Choláiste Mhuire, a quem comunicou seu apoio à comunidade educacional.

Também expressou sua “solidariedade” com as famílias das vítimas e elogiou a rápida resposta da polícia.

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