Mundo
O Vietnã de Biden?
O apoio inflexível a Israel ameaça as chances de reeleição do presidente democrata, temem aliados
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2024/05/000_34QK2DY.jpg)
Quando a estudante Lauren Brown escutou o tumulto, fogos de artifício incluídos, supôs que os ruídos viessem de casas de estudantes próximas. Então, por volta das 4 da manhã, ela ouviu helicópteros. Mais tarde acordou com notícias e imagens de um ataque violento de manifestantes pró-Israel a um acampamento montado em protesto contra a guerra em Gaza. “Foi difícil de assistir”, afirmou Brown, de 19 anos, caloura da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, cujo dormitório ficava próximo do acampamento. “Eu me perguntei onde estaria a polícia? Vi postagens de gente falando ter sido atacada com gás lacrimogêneo e cassetetes, e que a segurança do campus apenas observava.”
Um grande contingente policial chegou e esvaziou à força o amplo acampamento na manhã da quinta-feira 2. Rojões foram lançados para dispersar a multidão reunida, e mais de 200 manifestantes foram presos. Depois disso, funcionários do campus foram vistos a recolher barracas destruídas e pedaços de madeira compensada pichados com spray e a jogar tudo em caçambas de lixo cinza. Cenas de tumulto parecidas ocorreram em cerca de 40 universidades e faculdades nos Estados Unidos, o que levou a confrontos com a polícia, detenções em massa e uma diretriz do presidente Joe Biden para restabelecer a ordem. A agitação tem se ampliado de costa a costa dos Estados Unidos em escala nunca vista desde os protestos contra a Guerra do Vietnã, nas décadas de 1960 e 1970.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.