A agência da ONU para os refugiados palestinos, a UNRWA, advertiu nesta segunda-feira 16 que a escassez de água na Faixa de Gaza, agravada pelo conflito com Israel, ameaça contribuir para a propagação de doenças, uma vez que muitas pessoas recorrem a fontes contaminadas.
Segundo a porta-voz da UNRWA, Juliette Touma, “a grande maioria da população de Gaza ainda não tem água”.
“Estamos falando em 2 milhões de pessoas que não têm água. A água está acabando, a água é vida”, prosseguiu. “A vida está acabando em Gaza.”
Touma explicou que os escritórios da organização, transferidos para o sul da Faixa de Gaza, limitaram o consumo a um litro por dia.
A UNRWA fornecia ajuda alimentar a quase 1,2 milhão de pessoas em Gaza. Desde 7 de outubro, porém, não chega qualquer suprimento a ser destinado ao enclave. “Sinto que o nível de desespero aumenta. Incerteza que aumenta de hora em hora, o medo. É o que o nosso pessoal tem compartilhado conosco.”
A falta de combustível para bombear o líquido e fazer funcionar as usinas de dessalinização que o Unicef opera há anos é uma das causas da escassez de água em Gaza, à qual se soma a suspensão do fornecimento por empresas privadas israelenses.
Mais cedo, Ahmed Al Mandhari, chefe regional da Organização Mundial da Saúde, alertou que Gaza conta com apenas 24 horas de água, eletricidade e combustível e, se não receber ajuda humanitária, os médicos poderão apenas preparar as certidões de óbito.
Desde a semana passada, Israel aperta o bloqueio contra a Faixa de Gaza e executa um “cerco total”, após os ataques deflagrados pelo Hamas em território israelense em 7 de outubro.
Segundo Mandhari, Gaza e seus 2,4 milhões de habitantes enfrentam nesta segunda, décimo dia de bombardeios israelenses, uma “verdadeira catástrofe”. Ele reforçou que todo o sistema está sobrecarregado, diante de um cenário com cerca de 2,75 mil mortos e 10 mil feridos entre os palestinos.
“A OMS registrou que 111 infraestruturas médicas foram atacadas, 12 profissionais de saúde morreram e 60 ambulâncias foram alvejadas”, explicou. “Os médicos se veem obrigados a priorizar os pacientes que chegam. Há muita gente. Desta forma, alguns são deixados para morrer lentamente.”
(Com informações da AFP)
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