Pandora Papers: Ministério Público do Chile abre investigação contra Piñera

Foram reveladas supostas irregularidades na venda por 152 milhões de dólares de ações em projeto de mineração por meio offshore em 2010

Presidente chileno Sebastián Piñera. Foto: HO / CHILEAN PRESIDENCY / AFP

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O Ministério Público do Chile abriu uma investigação, nesta sexta-feira 8, contra o presidente do país, Sebastián Piñera, depois que foram reveladas irregularidades na venda de suas ações em um megaprojeto de mineração em 2010 nas Ilhas Virgens Britânicas. O caso veio à tona após a publicação do caso Pandora Papers.

“O promotor nacional decidiu abrir uma investigação criminal pelos fatos associados ao Pandora Papers”, anunciou a diretora Anticorrupção do Ministério Público Nacional, Marta Herrera, segundo a agência EFE.

Entre os crimes que serão investigados estão os de “suborno e tributação”, detalhou Herrera.

A investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) revelou que o presidente chileno mantinha em seus negócios a compra e venda do projeto de mineração Dominga nas Ilhas Virgens Britânicas (BVI), operação que envolveu o empresário Carlos Alberto Délano, um de seus amigos próximos.

De acordo com os documentos, Piñera vendeu sua participação na mineradora para o amigo. No entanto, o repasse do valor das ações foi mantido até 2010, quando o empresário comprou o restante das ações. 

Os Pandora Papers comprovam que a última dessas cotas, que deveria ser paga em 31 de dezembro de 2011, dependia de o governo não declarar como proteção ambiental a área onde a mina e porto no Pacífico, pertencentes a Délano, estavam localizados. Na época da decisão, Piñera já era presidente.


A área não foi declarada protegida e Délano fez o terceiro pagamento.

Piñera reagiu na segunda-feira em uma entrevista coletiva no palácio presidencial de La Moneda. “Acho absolutamente inaceitável usar informações já conhecidas e sobre as quais os tribunais já se pronunciaram” em processo encerrado em seu favor em 2017, disse o presidente.

Parte da oposição considerou as explicações insuficientes e ameaçou Piñera com um processo de impeachment.

O candidato presidencial de centro-esquerda, Yasna Provoste, ex-presidente do Senado, disse que “não é crível que o presidente Piñera não soubesse de um negócio milionário entre sua família e seu melhor amigo”.

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