Mundo
Polícia grega prende líder e deputados de partido de extrema direita
Líder Nikos Michaloliakos e outros integrantes do Aurora Dourada são acusados de integrar organização criminosa que ataca imigrantes e esquerdistas na Grécia. Crise financeira aumentou simpatia por neonazismo no país
A polícia de Atenas prendeu neste sábado (28/09) o líder do partido de extrema direita Aurora Dourada (Chrysi Avgi, em grego), Nikos Michaloliakos. Também foram detidos o porta-voz do partido, Ilias Kassidiaris, e outros dois deputados da legenda. Eles são suspeitos de constituir uma “organização criminosa” que vem realizando vários ataques contra imigrantes e militantes de esquerda.
Adeptos da facção radical protestaram nas ruas da capital grega contra as prisões, portando bandeiras e cantando o hino nacional. Ainda segundo a polícia, foram expedidos mandados de prisão contra outros integrantes do partido.
Violência e ideologia nazista
Embora rejeite a classificação de neonazista, o Aurora Dourada utiliza a saudação nazista e seu líder Michaloliakos nega o Holocausto – o extermínio de 6 milhões de judeus pelo regime nazista, nas décadas de 1930 e 1940.
O partido é, ainda, acusado de envolvimento em numerosos ataques contra imigrantes e esquerdistas, sendo o caso mais recente o assassinato do rapper de esquerda Pavlos Fyssos, de 34 anos. O músico foi esfaqueado por um radical de direita que admitiu pertencer ao Aurora Dourada.
O homicídio de Fyssas desencadeou uma onda de indignação pública e de investigações abrangentes contra os neonazistas. Críticos acusam a polícia e a Justiça de terem tolerado por tempo demasiado os discursos de agitação e atos de violência do partido e de seus membros.
Ameaça de fragilizar governo
A prisão de Nikos Michaloliakos ocorreu um dia depois de ele ter ameaçado retirar do Parlamento todos os seus deputados, caso a pressão contra o partido não cesse.
Desde as eleições de 2012, em que obteve 7% dos votos, o Aurora Dourada ocupa 18 de um total de 300 assentos. A popularidade dos radicais de direita cresceu à medida que se agravava a crise financeira na Grécia.
A retirada do partido do Parlamento implicaria convocar novas eleições legislativas em 15 regiões – embora também pudesse resultar, para o Aurora Dourada, na perda de grande parte, ou mesmo de todos os seus assentos.
Eventuais novas eleições na Grécia trazem ainda o risco de tumultuar as relações de poder no Parlamento, onde a coalizão de governo dispõe de uma maioria apertada.
Edição: Mariana Santos
AV/rtr/afp/ap/dpa
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