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Portugal: primeiras estimativas apontam para vitória do socialista António Costa
Com as eleições deste domingo, Portugal é um dos únicos países europeus onde a extrema direita não ganha espaço
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Os portugueses foram às urnas neste domingo (6) para eleições legislativas nas quais o primeiro-ministro António Costa despontava como favorito há meses. As primeiras estimativas revelaram entre 34% e 40% dos votos para o premiê socialista, além de uma alta abstenção.
“Vitória!”, gritaram os socialistas logo que a televisão portuguesa exibiu as primeiras estimativas, na noite deste domingo. O primeiro-ministro acompanhava a apuração no Hotel Altis, em Lisboa, junto a lideranças socialistas. Confiante, Costa afirmou que “os bons resultados são aqueles que os portugueses escolherem”.
De acordo com as projeções iniciais da TV pública RTP, o socialista deve obter entre 100 e 117 cadeiras das 230 do Parlamento português. A maioria absoluta é de 116 assentos. Apesar de sair reforçado do pleito, uma vitória sem maioria pode obrigar o premiê a buscar alianças com outros partidos de esquerda.
Em segundo lugar, está o Partido Social Democrata, de centro-direita, com entre 24% e 31% dos votos. Com esses primeiros resultados, a legenda obteria entre 68 e 82 cadeiras no Parlamento. O Bloco de Esquerda (esquerda radical) pode conseguir entre 17 e 26 assentos e os comunistas entre 7 e 14 cadeiras.
Segundo a imprensa portuguesa, a participação dos eleitores era de 38,59% até pouco antes do fechamento das urnas. A abstenção é menor do que nas eleições de 2015, quando bateu o recorde de 44,14%, mas surpreendeu as autoridades. “Estes quatro anos terão dificuldades. Está nas mãos dos portugueses mostrar que estão atentos”, afirmou o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
Sem espaço para a extrema direita
Aos 58 anos, Costa chegou ao poder em 2015 graças a uma aliança com a esquerda radical. Portugal é um dos únicos países europeus onde a extrema direita não ganha espaço.
O socialista prometeu e conseguiu junto a seus aliados virar a página da austeridade no país onde o desemprego atingiu um pico de 17% em 2013. Costa consolidou a recuperação econômica, adotando medidas como aumento dos salários dos serviços públicos ou aposentadorias, que haviam sofrido fortes cortes durante a crise econômica.
O resultado dessa política foi um crescimento de 3,5% em 2017 e 2,4% em 2018. Já o desemprego caiu pela metade e voltou ao seu nível anterior à crise (6,4% em julho). O déficit, que atingiu 11,4% do PIB em 2010, e ainda era de 4,4% em 2015, deve ser de apenas 0,2% neste ano – algo nunca visto desde o retorno da democracia ao país, em 1974.
“Este contexto excepcional é o sonho de todo governo”, sintetiza o economista João Duque, para quem a economia portuguesa desfrutou da situação europeia e do “boom do turismo”, que representa cerca de 10% do PIB.
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