Pré-candidatos da oposição firmam ‘princípios comuns’ antes de eleição na Venezuela

Opositores de Nícolas Maduro firmaram "princípios" de um programa simbólico de governo comum, em um ato celebrado pelos próprios concorrentes como "sinal de unidade"

Pré-candidatos venezuelanos Henrique Capriles e Maria Corina Machado. Foto: Federico PARRA / AFP

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Os candidatos das primárias da oposição para eleger um adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 2024 na Venezuela firmaram, nesta sexta-feira 4, os “princípios” de um programa simbólico de governo comum, em um ato celebrado pelos próprios concorrentes como “sinal de unidade”.

Os 13 dirigentes inscritos para a votação interna da oposição, prevista para 22 de outubro, se comprometeram em um documento a respeitar a “alternância” do poder e eliminar a reeleição presidencial, atender a “emergência humanitária” derivada de anos de crise e a libertar “presos políticos”, entre outros pontos.

“O ato de hoje quer destacar que, em meio às discordâncias naturais, existe um caminho comum que leva a uma candidatura unitária às eleições presidenciais de 2024”, disse o presidente da comissão organizadora das primárias, Jesús María Casal.

Participaram presencialmente do ato nove pré-candidatos, entre eles, María Corina Machado – ex-deputada que lidera as pesquisas – e Henrique Capriles, que se candidatou à presidência em duas ocasiões. Os outros quatro postulantes acompanharam a reunião por vídeo.

As eleições presidenciais, nas quais Maduro busca a reeleição, estão previstas para 2024, embora ainda não tenham uma data marcada.

“Uma mensagem fundamental: o resultado de 2024 se concretiza em 2023. É isso que representa o dia 22 de outubro. Há mais coesão do que nunca, mais determinação para avançar”, disse Machado à imprensa.


Capriles também comemorou o acordo dos pré-candidatos.

“Parece-me um bom sinal de unidade. Temos afirmado que ninguém pode fazer isso sozinho, que aqui devemos construir um movimento que junte todos (…), sem preconceitos. É a única forma de termos sucesso em 2024”.

As primárias de oposição sofrem duras ameaças, como a cassação de líderes como Machado e Capriles e uma impugnação judicial que busca bloquear a votação. O processo também apresenta desafios logísticos e financeiros, após os organizadores dispensarem o apoio técnico das autoridades eleitorais e proporem mecanismos como “sorteios” para arrecadar recursos.

O documento assinado nesta sexta-feira levanta, entre as suas principais orientações, a necessidade de “um plano nacional” contra a “crise humanitária”, centrado na alimentação, saúde e educação; bem como a “retomada” do papel do país como “fornecedor seguro de energia”, após o colapso de sua indústria petrolífera.

No campo político, enfatiza um “compromisso com a alternância e o princípio da reeleição presidencial”.

A reeleição por tempo indeterminado foi adotada na Venezuela pelo ex-presidente Hugo Chávez, em meio a fortes críticas da oposição, que o acusava de buscar a “permanência” no poder.

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