O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira 15 que o governo da Ucrânia não mostra um compromisso sério com a busca por soluções “mutuamente aceitáveis”.
A declaração de Putin ocorreu durante conversa por telefone com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, de acordo com o serviço de informações do Kremlin.
Na pauta, além das negociações por um cessar-fogo, estiveram detalhes da operação militar russa e estratégias para garantir a evacuação de civis, de acordo com Moscou.
“Vladimir Putin expôs suas avaliações das conversas em andamento entre representantes russos e ucranianos sobre um acordo que levaria em conta as demandas da Rússia. Ele enfatizou que Kiev não está mostrando um compromisso sério em encontrar soluções mutuamente aceitáveis”, diz o governo russo.
Também nesta terça, a Rússia decidiu iniciar “o procedimento de saída” do Conselho Europeu, acusando a Otan e a União Europeia de transformá-lo em um instrumento a serviço de “sua expansão político-militar e econômica para o Leste”.
O aviso de retirada da organização foi entregue nesta terça à secretária-geral do conselho, Marija Pejčinović Burić, conforme um anúncio do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
O Conselho Europeu, criado em 1949, reúne quase todos os Estados do continente – 47 no total, incluindo a Rússia, desde 1996, e a Ucrânia, desde 1995.
Os caminhos para o cessar-fogo
As negociações para encerrar a guerra são marcadas por “contradições fundamentais”, mas há “espaço para concessões”, declarou nesta terça Mykhailo Podolyak, negociador e conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Nesta terça, a ofensiva russa se intensificou, com uma série de bombardeios em Kiev. Quatro pessoas morreram no ataque a um edifício de 15 andares no distrito de Sviatoshyn, na zona oeste da capital, segundo os serviços de emergência ucranianos.
Outro prédio, de nove andares, foi atingido no bairro de Podil, a noroeste, mais próximo do centro da cidade, e uma pessoa ficou ferida, conforme o lado ucraniano. Em meio a esse cenário, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, anunciou um toque de recolher de 35 horas a partir das 20h desta terça (horário local).
Em quase três semanas de conflito, mais de três milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, principalmente rumo à Polônia, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações.
“Continuaremos amanhã [as negociações]. Um processo de negociação muito difícil. Existem contradições fundamentais. Mas certamente há espaço para concessões. Durante o intervalo, o trabalho em subgrupos continuará”, disse Podolyak na noite desta terça, pelas redes sociais.
O dia também foi marcado pela chegada dos primeiros-ministros polonês, tcheco e esloveno a Kiev para reafirmar o “apoio inequívoco” da União Europeia à Ucrânia.
Mais cedo, Volodymyr Zelensky afirmou que a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, é improvável.
“Durante anos ouvimos falar de portas supostamente abertas, mas também ouvimos que não podemos entrar lá. Isso é verdade, devemos admitir isso”, disse o presidente durante reunião online com líderes dos Estados que compõem a Força Expedicionária Conjunta.
Enquanto isso, potências ocidentais continuam a apostar em sanções contra a Rússia e aliados de Vladimir Putin. A UE comunicou uma quarta série de medidas, entre as quais o bloqueio do acesso a bens de luxo e a instituições financeiras internacionais.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos também anunciou novas sanções contra o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, e sua esposa, por corrupção e violações de direitos humanos.
A Rússia, por sua vez, adotou pela primeira vez nesta terça sanções contra o presidente norte-americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
(Com informações da AFP)
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login