Armadilha. Autoridades locais usam os danos causados por bombardeios como desculpa para desapropriar imóveis e remover os moradores de áreas centrais – Imagem: Ercin Erturk/Anadolu Agency/AFP
Cerca de uma hora depois que as sirenes de ataque aéreo tocaram na madrugada de 10 de agosto, os moradores da Rua Yaroslavska, no coração do badalado bairro de Podil, em Kiev, ouviram um prédio desabar. Alguns olharam pelas janelas, esperando ver os restos fumegantes de um míssil russo. Em vez disso, à luz do amanhecer, duas escavadeiras destruíam uma elegante mansão de 200 anos. Em poucas horas, a casa de 1811 virou um monte de escombros. Manifestantes reuniram-se na rua atacando os incorporadores e a prefeitura. “O que não foi destruído pelos foguetes russos está sendo demolido por nossas autoridades e construtoras”, dizia um cartaz.
A guerra não diminuiu o apetite por propriedades de alta qualidade em Kiev, nem conteve a corrida para obter terrenos baldios para construção. Os preços dos imóveis caíram apenas brevemente, quando as forças russas sitiaram a cidade na primavera passada, e depois se recuperaram quando as ruas voltaram à vida. A capital ucraniana tem extensas defesas aéreas e as linhas de frente estão distantes, por isso alguns residentes regressaram e ela se tornou novo lar para as pessoas que fogem dos combates mais a leste.
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1 comentário
ricardo fernandes de oliveira17 de setembro de 2023 09h22
os ratos, em todo lugar do mundo, tem a mesma natureza
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