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Submarino que visitava destroços do Titanic está desaparecido há mais de 24 horas

O tempo é um fator crítico. A embarcação tem autonomia de 96 horas para uma tripulação de cinco pessoas

Guarda Costeira dos EUA procura pelo submarino desaparecido. Foto: Joseph Prezioso/AFP
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Um pequeno submarino com cinco pessoas a bordo usado para observar os destroços do transatlântico britânico Titanic, naufragado no Atlântico Norte, desapareceu, desencadeando uma operação multinacional de busca e resgate nesta segunda-feira 19.

A embarcação de 6,5 metros, operada pela OceanGate Expeditions, começou sua descida no domingo de manhã e perdeu contato com a superfície menos de duas horas depois, disse a Guarda Costeira dos Estados Unidos.

Acredita-se que um dos passageiros é um aviador britânico, que postou antes nas redes sociais que participaria da expedição.

A Guarda Costeira americana afirmou ter lançado uma busca com uma aeronave aproximadamente 900 milhas (1.450 quilômetros) a leste de Cape Cod. O Canadá também participa das buscas, com um barco e uma aeronave de asa fixa, de acordo com sua Guarda Costeira.

“É um desafio realizar uma busca nessa área remota, mas estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo”, declarou o contra-almirante da Guarda Costeira dos EUA, John Mauger, a repórteres em Boston, onde supervisionava a operação.

O tempo é um fator crítico. A embarcação tem autonomia de 96 horas para uma tripulação de cinco pessoas, e Mauger apontou, na tarde desta segunda, que acreditava que ainda restavam cerca de 70 horas de oxigênio.

Em seu site, a OceanGate indicava que uma expedição de mergulho ao local do Titanic estava “em andamento”. A empresa utiliza um submersível chamado Titan para suas imersões a uma profundidade máxima de 4.000 metros.

Em comunicado citado pela CBS News e por outros veículos, a OceanGate disse: “Todo o nosso foco está nos membros da tripulação do submersível e em suas famílias.”

No domingo, o bilionário e aviador britânico Hamish Harding publicou no Instagram que estava “orgulhoso de finalmente anunciar” que participaria da expedição “para a Missão RMS TITANIC como especialista de missão no submarino que desce até o Titanic”.

“Devido ao pior inverno em Terra Nova em 40 anos, é provável que esta seja a primeira e única missão tripulada até o Titanic em 2023”, acrescentou Harding, de 58 anos.

Não se sabe quem mais estava a bordo. Harding escreveu que “a equipe do submarino tem exploradores lendários, alguns dos quais já realizaram mais de 30 imersões no RMS Titanic desde a década de 1980”.

A AFP não conseguiu fazer contato com a OceanGate e a empresa de Harding, Action Aviation, se negou a fazer comentários.

Na superfície ou submerso?

A Guarda Costeira dos EUA usou dois aviões C-130 para realizar uma varredura da superfície, enquanto o Canadá enviou aeronaves “que utilizam tecnologia sonar com boias”, disse o suboficial-chefe da corporação americana, Robert Simpson, à AFP.

Segundo Simpson, “após o tempo previsto para retorno” do submarino, o navio da OceanGate “realizou uma busca inicial e não encontrou qualquer sinal do submarino, então entrou em contato com a Guarda Costeira”.

Em seu comunicado, a OceanGate Expeditions afirmou que estava “profundamente agradecida pela ampla assistência que recebemos de várias agências governamentais e companhias de águas profundas em nossos esforços para restabelecer o contato com o submersível”.

O Titanic saiu do porto inglês de Southampton em 10 de abril de 1912 para sua viagem inaugural rumo a Nova York, mas afundou após colidir com um iceberg cinco dias depois. Dos 2.224 passageiros e tripulantes, morreram quase 1.500.

Os destroços do transatlântico foram descobertos em 1985 a 650 quilômetros da costa canadense, a 4.000 metros de profundidade, em águas internacionais do oceano Atlântico. Desde então, a área é visitada por caçadores de tesouros e turistas.

Sem ter estudado esta embarcação especificamente, Alistair Greig, professor de engenharia marinha na University College London, sugeriu duas possíveis teorias, com base em imagens do submersível publicadas pela imprensa.

Ele disse que, se houve um problema elétrico ou de comunicações, a embarcação pode ter subido para a superfície e permanecido flutuando, “à espera de ser encontrada”.

“Outro cenário é um comprometimento do casco de pressão, um vazamento”, explicou. “Então o prognóstico não é bom.”

Embora o submarino possa ainda estar intacto durante o mergulho, “são poucas as embarcações” capazes de ir até a profundidade em que o Titan pode ter chegado.

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