Taiwan empossa novo presidente em meio a tensão com a China

Tido como um "perigoso separatista" por Pequim, Lai Ching-te fez apelo por paz. China tem intensificado atividades militares na região e anunciou sanções contra empresas americanas que vendem armas à ilha

Foto: Sam YEH / AFP

Apoie Siga-nos no

Empossado nesta segunda-feira (20/05) em Taipei, o novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, 64, assume a dianteira do governo da ilha ao lado da vice Hsiao Bi-khim em meio a um parlamento dividido e tensões cada vez mais elevadas com a China.

A cerimônia de posse foi prestigiada por delegações internacionais, incluindo Estados Unidos, Japão e Canadá.

Em seu discurso de posse, Lai prometeu defender a democracia no país e apelou à China para que pare com as intimidações militares à ilha autônoma, pedindo que “divida com Taiwan a responsabilidade global pela manutenção da paz e estabilidade” na região e garanta “que o mundo seja livre do medo da guerra”.

Para a China, Lai é um “separatista perigoso” que trará “guerra e declínio” à região.

Pequim cada vez mais beligerante

Antes de assumir como presidente, Lai foi vice do governo anterior, de Tsai Ing-wen, cujos oito anos de mandato democrático na ilha foram marcados por progresso econômico e social, mas também por relações cada vez mais deterioradas com a China.

Lai, que no passado se referiu a si mesmo como um “pragmático trabalhador pela independência de Taiwan”, moderou o tom e prometeu manter o “status quo” na ilha – ou seja: preservar a soberania de Taiwan e abdicar de uma declaração formal de independência.


Pequim tem rejeitado as tentativas de diálogo de Lai e aumentou as atividades militares próximo a Taiwan desde que ele ganhou as eleições.

A China enxerga Taiwan como parte de seu território e tem dito que não descarta o uso da força para colocar a ilha sob seu controle.

“Nunca vamos tolerar ou aceitar qualquer forma de atividades separatistas pela ‘independência de Taiwan'”, disse após a posse Chen Binhua, porta-voz do escritório para assuntos de Taiwan do Conselho de Estado. “Não importa o quanto a situação na ilha mude, não importa quem esteja no poder: isso não pode mudar o fato de que os dois lados do Estreito de Taiwan pertencem a uma China (…) e não pode deter a tendência histórica de eventual reunificação da pátria.”

Clima desfavorável no Parlamento

Lai e sua vice Hsiao são ambos do Partido Democrático Progressista, que defende a soberania de Taiwan.

O novo presidente prometeu dar continuidade ao governo de Tsai aumentando gastos do setor de defesa e fortalecendo laços com países democráticos, principalmente os Estados Unidos, aliado estratégico e fornecedor de armas à ilha.

Lai foi cumprimentado pelo chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que disse estar ansioso por estreitar os laços entre Washington e Taipei e manter a “paz e estabilidade no Estreito de Taiwan”.

Internamente, o partido de Lai tem tido dificuldades em fechar uma maioria no Parlamento, e a oposição tem pressionado por reformas.

China sanciona empresas americanas do setor defesa

Também nesta segunda-feira, a agência estatal chinesa de notícias Xinhua informou que a China sancionou três fabricantes de armas americanas por exportarem suas mercadorias a Taiwan.

As empresas – General Atomics Aeronautical Systems, General Dynamics Land Systems e Boeing Defense, Space & Security – estão agora proibidas de fazer negócios de “importação e exportação” na China.

(AFP, Reuters, dpa, AP)

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.