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The Economist reescreve publicação sobre a América Latina após acusações de racismo
A revista inglesa qualificou trabalhadores latino-americanos como ‘inúteis’; edição admite repercussão negativa, mas não pede desculpas
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A revista inglesa The Economist refez o antetítulo de uma publicação que usava a palavra useless, entendida em português como “inúteis”, para adjetivar trabalhadores latino-americanos. A decisão se deu após críticas feitas ao veículo por pessoas que consideraram o termo racista.
O texto havia sido divulgado em 8 de junho com o antetítulo A land of useless workers, que pode ser traduzido para “uma terra de trabalhadores inúteis” em português. A expressão motivou uma reportagem da emissora americana NBC, que relatou opiniões indignadas de especialistas e leitores.
No dia seguinte, a revista reescreveu a frase para A land of frustrated workers, com preferência para a palavra “frustrados”. A frase antecede o título da matéria, Why are Latin American workers so strikingly unproductive? – que, em português, significa “Por que os trabalhadores latino-americanos são tão notavelmente improdutivos?”.
A mudança veio acompanhada de uma nota do editor, a admitir que o antetítulo original havia atraído críticas. Na justificativa, a publicação britânica diz que quis deixar claro que o artigo está “analisando os custos sociais e econômicos da baixa produtividade”.
A edição sustenta que o objetivo é “chamar a atenção para as causas estruturais da baixa produtividade média do trabalho nos países latino-americanos” e menciona “poderosos oligopólios que silenciam a concorrência” e “um grande setor informal que obriga muitas empresas a permanecerem na subescala”.
A revista também alega que “tudo isso está além do controle dos latino-americanos, cujos padrões de vida foram prejudicados”, e sugere a formulação de novas políticas. O texto não pede desculpas.
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