Com 99,9% dos votos apurados, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia confirmou que Evo Morales foi o vencedor do primeiro turno das eleições nacionais, realizadas no domingo 20, e está eleito para o quarto mandato como presidente do país.
Segundo o site do TSE, Morales recebeu 47,1% dos votos, contra 36,51% para Mesa, resultado que encerram as eleições já no primeiro turno. Os números incluem os votos válidos dos eleitores na Bolívia e dos bolivianos espalhados por outros 33 países do mundo.
Desde o início da apuração, o resultado vem sendo seriamente questionado por diversos setores bolivianos, que paralisaram várias cidades do país. Uma aliança opositora chegou a ser formada em torno de Carlos Mesa para exigir a convocação “imediata” de um segundo turno eleitoral.
As denúncias de fraude surgiram após um primeiro resultado do sistema de apuração rápida (TREP), sobre 84% dos votos, que indicava um segundo turno entre Morales e Mesa. Após a divulgação destes números, o sistema foi paralisado durante muitas horas e retornou indicando uma vitória direta do presidente.
Nesta quinta-feira 24, Morales se declarou vencedor das eleições em entrevista coletiva, mas admitiu a possibilidade de disputar um segundo turno, caso o resultado final do TSE assim o determinasse, o que finalmente não ocorreu.
“Se a apuração final concluir que haverá segundo turno, participaremos, mas se o cálculo oficial mostrar que não, defenderemos o resultado”, afirmou o atual presidente.
Reiteramos nuestro pedido de auditoría al cómputo de la votación. Vamos a defender la democracia y los resultados de la elección. Si el resultado final dice que se vaya a segunda vuelta, vamos a ir y si el cómputo dice que no hay segunda vuelta también lo vamos a respetar. pic.twitter.com/qldG0mOYXU
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) October 24, 2019
Governo chama Mesa de ‘Guaidó andino’
Com o pleito definido, o governo boliviano comparou Carlos Mesa, candidato da oposição derrotado por Evo Morales, ao líder do Parlamento venezuelano Juan Guaidó, acusando-o de querer instalar um governo paralelo no país. “Mesa é o Guaidó andino”, disse o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.
“Está apostando pela via venezuelana de um governo paralelo. Com seu silêncio cúmplice está legitimando a violência”, acrescentou em alusão aos protestos e às convocações de greve feitos pela oposição contra os resultados eleitorais que dão a vitória a Morales no primeiro turno das eleições para a presidência.
O governo Morales afirma que a oposição, liderada por Mesa, promove uma revolta com objetivos golpistas, por negar a reconhecer os resultados do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).
Citado pela agência de notícias do governo ABI, Quintana disse que “Mesa tem capacidade suficiente para entender que ele foi derrotado eleitoralmente e que sua vida política hoje depende apenas de Washington”, que, na sua opinião, deseja uma mudança de governo na Bolívia.
O ministro considerou que “é impossível que Carlos Mesa chegue à presidência por meios constitucionais” e alertou que os Estados Unidos usaram as mentiras de fraude e violência eleitorais para reconhecer o líder da oposição Guaidó como presidente interino da Venezuela.
UE, OEA, EUA e ‘vizinhos’ defendem 2º turno
Também nesta quinta-feira 24, a União Europeia (UE), os Estados Unidos e países sul-americanos como Brasil, Estados Unidos, Argentina e Colômbia somaram-se ao pedido da Organização dos Estados Americanos (OEA) para que se realize na Bolívia um segundo turno entre o presidente Evo Morales e o opositor Carlos Mesa, sob a justificativa de restabelecer a confiança no processo eleitoral, alvo de duras críticas.
“A União Europeia compartilha plenamente da avaliação da OEA no sentido de que as autoridades bolivianas deveriam concluir o processo de contagem em curso e que a melhor opção seria realizar um segundo turno para restabelecer a confiança e assegurar o respeito pleno à escolha democrática do povo boliviano”, declarou em um comunicado a porta-voz da diplomacia europeia, Maja Kocijancic, distribuído em La Paz.
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