Trump sai caminhando do hospital após receber tratamento para a Covid-19

Presidente dos EUA entrou no helicóptero que o levou de volta à Casa Branca

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saindo do Walter Reed Medical Center em Bethesda, Maryland. Foto: SAUL LOEB/AFP

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O presidente americano, Donald Trump, saiu caminhando no fim da tarde desta segunda-feira 5 do hospital onde foi tratado para a Covid-19, pouco após anunciar que tinha a intenção de retomar “em breve” sua campanha para a reeleição.

 

 

Usando máscara e vestindo terno e gravada, Trump cruzou as portas do Hospital Militar Walter Reed, em Bethesda, arredores de Washington, e ergueu o polegar antes de entrar em um carro preto e em seguida no helicóptero que o leva de volta à Casa Branca, em meio a gritos de “Mais quatro anos!, Mais quatro anos!” de seus seguidores posicionados na entrada.

 


O que se sabe sobre a saúde de Trump

Trump passou três noites no hospital militar Walter Reed, onde recebeu um tratamento administrado geralmente em casos graves de Covid-19 após ter testado positivo para o coronavírus na quinta-feira 1. A Casa Branca se recusou a dizer quando foi o último teste negativo do presidente americano.

Inicialmente, Trump teve “febre alta”, fadiga, tosse e congestão nasal, mas não ficou sem ar, segundo seu médico Sean Conley. O último estado febril teria sido sexta-feira.

A taxa de saturação de oxigênio no sangue caiu duas vezes para níveis que indicam uma eventual doença pulmonar (abaixo de 95%). Na sexta-feira, a taxa era de 94% e no sábado, 93%.

Trump recebeu oxigênio na Casa Branca na sexta-feira e talvez no sábado. Seu médico é evasivo quanto ao segundo episódio. Ele não precisou de um respirador artificial.

Conley não descreveu a condição dos pulmões de seu paciente ou os resultados das imagens. “Fizemos as observações esperadas, mas nada muito importante do ponto de vista clínico”, limitou-se a dizer. Questionado se Trump está com pneumonia, o médico respondeu: “Não estamos autorizados a falar sobre isso.”

 

Tratamentos combinados

Na própria Casa Branca, o presidente americano recebeu na sexta-feira uma dose forte (8 gramas) de um tratamento experimental da empresa de biotecnologia Regeneron.  Esse tratamento é baseado em dois anticorpos produzidos em laboratório para neutralizar o coronavírus. Os resultados clínicos dos ensaios são promissores, mas sua administração é restrita a esses testes, embora com algumas exceções; como o de Trump.

Trump também foi tratado com o remdesivir por cinco dias. Este antiviral foi o primeiro a receber uma autorização de emergência contra a Covid-19. É injetado por via intravenosa uma vez ao dia e tenta impedir a replicação do vírus. Atualmente é recomendado para pacientes que necessitam de oxigênio.

Desde sábado, Trump também está recebendo dexametasona; um corticoide para casos graves que, está comprovado, reduz a mortalidade. Este remédio da família dos esteroides combate inflamações que podem comprometer seriamente os pulmões e outros órgãos vitais.

Os três tratamentos são usados em diferentes fases da infecção, o que gera confusão sobre o atual estado do presidente.

Especialistas se perguntam se Trump está mais doente do que seus médicos revelam, ou se precauções excessivas foram tomadas devido à importância do paciente, apesar dos riscos de efeitos colaterais dos tratamentos.

Trump também está recebendo outros medicamentos e suplementos; entre eles zinco, vitamina D, famotidina (que pode ser usada contra azia), melatonina (geralmente prescrita para insônia) e aspirina, informou Conley na sexta-feira.


 

Precaução excessiva?

Vários médicos se surpreenderam com a quantidade de tratamentos: “É o exemplo da síndrome VIP, em que o paciente recebe um tratamento irracional, sem base em evidências, e é tratado em excesso”, comentou o diretor do Scripps Research Translational Institute, Eric Topol. O próprio Sean Conley havia falado em “território inexplorado”.

Para outros, é razoável que, em meio a uma pandemia, os médicos tomem decisões com base em dados incompletos, assinalou Gregory Poland, professor de medicina na Clínica Mayo. “Como todo bom médico sabe, a medicina é uma ciência e uma arte.”

 

Sinais de disposição

Desde o alerta de sexta-feira, Trump foi visto em mensagens de vídeo sem sinais aparentes de fadiga e saiu brevemente em um carro no domingo para cumprimentar os apoiadores reunidos em frente ao hospital. Ele havia anunciado a “surpresa” pelo Twitter:

 

 

Durante o fim de semana, ele falou com várias pessoas ao telefone. “Sua saúde continua a melhorar”, disse seu chefe de gabinete, Mark Meadows, que indicou que Trump fez “um progresso incrível” e pode retornar à Casa Branca nesta segunda-feira.

 


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