Universidade dos EUA cancela aulas após ameaças antissemitas

Um estudante é acusado de ameaçar atirar contra um refeitório da Universidade de Cornell que serve comida kosher

Créditos: Clarice Oliveira / Flickr

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A Universidade de Cornell anunciou, nesta quinta-feira 2, que cancelou as aulas por um dia depois que um estudante foi acusado de fazer ameaças antissemitas, incluindo uma de “atirar” contra um refeitório que serve comida kosher.

Na sexta-feira não haverá aulas para observar um “dia comunitário, em reconhecimento à tensão extraordinária das últimas semanas”, disse à AFP um porta-voz da universidade da Ivy League.

As ameaças supostamente proferidas por Patrick Dai, de 21 anos, ocorrem em meio ao que o governo americano chama de aumento dos atos antissemitas e islamofóbicos após o início da guerra entre Israel e Hamas iniciada em 7 de outubro.

Segundo o Departamento de Justiça, Dai supostamente publicou em um fórum de discussão da Cornell “apelando à morte de pessoas judias”, com uma publicação na qual dizia que ia “atirar no 104 oeste”, um refeitório que atende principalmente estudantes judeus e que fica ao lado do Centro Judaico de Cornell.

Em outra mensagem, Dai supostamente ameaçou “esfaquear” e “degolar” qualquer homem judeu que fosse ao campus, estuprar e jogar de um penhasco qualquer mulher judia e decapitar qualquer bebê judeu”, disse o comunicado, que acrescenta que Dai também ameaçou atirar em estudantes judeus no campus da universidade em Ithaca, Nova York.

Na terça-feira, ele foi preso acusado de “publicar ameaças de matar ou ferir outra pessoa utilizando comunicações interestaduais”, segundo a promotoria.


“Não iremos tolerar antissemitismo na Cornell, na verdade, não iremos tolerar o ódio em nenhuma de suas formas, incluindo o racismo e a islamofobia”, declarou nesta quinta-feira a presidente da Cornell, Martha Pollack.

Após a prisão de Dai, presidentes de nove universidades israelenses acusaram, em carta aberta aos seus colegas americanos, muitos campus americanos de se tornarem “criadores de sentimento anti-israelenses e antissemitas, em grande medida, alimentados por um compreensão ingênua e enviesada do conflito”.

Em Havard, Stanford e na Universidade de Nova York, os enfrentamentos que envolvem estudantes, professores e administradores explodiram até se converterem em debates virais nas redes sociais e acusações de antissemitismo, islamofobia e ameaças à liberdade de expressão.

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