Foi um final confuso para uma história caótica. Julian Assange foi libertado no fim de junho do presídio de Belmarsh, no Reino Unido, e embarcou num voo para a Ilha de Saipan, no Pacífico, governada pelos EUA. Lá, sob um acordo especial com as autoridades norte-americanas, ele declarou-se culpado em um tribunal por obter e publicar ilegalmente documentos confidenciais, em troca de uma pena de prisão de cinco anos, que ele já havia cumprido em cadeias britânicas. E assim, pela primeira vez em 12 anos, Assange viu-se um homem livre.
Declarar-se culpado de espionagem era um requisito para que Assange ganhasse a liberdade pessoal, mas levanta questões mais amplas sobre a liberdade de imprensa. Assange foi acusado de espionagem não por oferecer informações confidenciais a um governo estrangeiro, mas por publicar um material que o governo dos EUA não queria que viesse a público. As acusações que Assange enfrentou “baseiam-se quase totalmente na conduta que os jornalistas investigativos adotam todos os dias”, observou Jameel Jaffer, especialista em liberdade de expressão da Universidade Columbia, ainda em 2019. É por isso que “a acusação deve ser entendida como um ataque frontal à liberdade de imprensa”.
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