Zelensky diz que ‘moderou’ ideia de entrar na Otan e admite ‘discutir’ áreas separatistas

'A aliança tem medo de qualquer controvérsia e de um confronto com a Rússia', afirmou o presidente ucraniano

Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin. Fotos: STR/Ukrainian Presidential Press Service/AFP e Sergei Guneyev/Sputnik/AFP

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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou ter “moderado” sua posição sobre o ingresso do país na aliança militar ocidental, a Otan, e admitiu diálogo sobre a situação de Lugansk e Donestk, no sul da Ucrânia – territórios separatistas reconhecidos como repúblicas independentes por Moscou.

Em entrevista à ABC News, dos Estados Unidos, na noite da segunda-feira 16, Zelensky se disse “pronto para o diálogo, mas não para a capitulação”, em referência às negociações com o presidente russo, Vladimir Putin, para interromper a guerra em curso.

Horas antes, o Kremlin reforçou que exige da Ucrânia o fim de ações militares; que mude sua Constituição a fim de garantir que não se juntará à União Europeia e à Otan; que reconheça a Crimeia como território russo; e que reconheça Donetsk e Lugansk como Estados independentes.

“Em relação à Otan, moderei essa questão há algum tempo, quando entendemos que a Otan não está pronta para aceitar a Ucrânia. A aliança tem medo de qualquer controvérsia e de um confronto com a Rússia”, afirmou Zelensky na entrevista.

Questionado sobre os separatistas no Donbass, declarou que a discussão envolve “garantias de segurança”.

“Acho que (são) itens sobre territórios ocupados temporariamente e repúblicas não reconhecidas por ninguém além da Rússia, pseudo-repúblicas. Mas podemos discutir e encontrar o compromisso sobre como esses territórios continuarão a viver. O que é importante para mim é como vão viver as pessoas nesses territórios que querem fazer parte da Ucrânia”, completou.


Também na segunda 7, a Ucrânia insistiu na sugestão de que Zelensky e Putin se reúnam para conversas diretas, o que representaria uma mudança nas atuais estratégias de negociação, baseadas em diálogos de delegações.

“Há muito tempo queremos uma conversa direta entre o presidente da Ucrânia e Vladimir Putin, porque todos entendemos que é ele quem toma as decisões finais, especialmente agora”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em pronunciamento na televisão.

“Nosso presidente não tem medo de nada, incluindo um encontro direto com Putin”, acrescentou Kuleba. “Se Putin também não está com medo, deixe-o ir à reunião, deixe-os sentar e conversar.”

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