Zelensky pede a aliados que ‘façam mais’ para ajudar a Ucrânia contra a Rússia

Nos últimos meses, Kiev cobrou de forma reiterada que seus parceiros ocidentais aumentassem o apoio militar

Emmanuel Macron e Volodymyr Zelensky em Paris, em 7 de junho de 2024. Foto: Ludovic Marin/AFP

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo a seus aliados nesta sexta-feira 7 para que “façam mais” para apoiar Kiev frente à invasão russa, durante uma visita à França na qual o presidente americano, Joe Biden, comunicou uma nova ajuda.

“Vivemos em uma época em que a Europa já não é um continente de paz” devido à invasão russa na Ucrânia, declarou Zelensky na Assembleia Nacional francesa (Câmara Baixa), um dia após participar das comemorações dos 80 anos do Desembarque dos aliados na Normandia, durante a Segunda Guerra Mundial.

O presidente ucraniano traçou um panorama no qual “novamente na Europa as cidades são completamente destruídas e as cidades, incendiadas”, e descreveu o seu homólogo russo, Vladimir Putin, como um “inimigo comum” da Ucrânia e do continente europeu.

Zelensky espera que a cúpula internacional da paz marcada para 15 e 16 de junho na Suíça, da qual a Rússia não participará, possa aproximar Kiev de um “final justo” para a guerra e fez um apelo aos seus aliados para que “façam mais” para atingir este objetivo. “Podemos vencer esta batalha? Claro que sim”, acrescentou ele.

Nos últimos meses, Kiev pediu de forma reiterada que seus aliados ocidentais aumentassem o seu apoio militar diante do avanço de Moscou no leste e no norte da Ucrânia.

“Só desde o início deste ano, acho que 47 localidades foram libertadas”, disse Putin sobre as cidades e vilarejos ucranianos tomados por suas forças em uma reunião do Fórum Econômico Internacional em São Petersburgo.


Os aliados do país, incluindo o presidente francês, Emmanuel Macron, que receberá Zelensky nesta sexta à tarde, estão preocupados com as consequências no conflito de uma possível vitória de Donald Trump nas próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

“Enorme apoio”

Zelensky e Biden aproveitaram a viagem à França para as comemorações dos 80 anos do ‘Dia D’, que abriu caminho à vitória dos aliados contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, para se reunirem nesta sexta em Paris.

Biden anunciou ao seu contraparte ucraniano uma nova ajuda dos Estados Unidos de 225 milhões de dólares (1,18 bilhão de reais na cotação atual).

“Os Estados Unidos sempre estarão com vocês”, disse o presidente americano a Zelensky, que agradeceu pelo “grande apoio” de Washington.

“Vocês não cederam”, acrescentou o democrata, que apresentou suas “desculpas” a Zelensky pelos meses de negociações antes da complexa adoção de um pacote de ajuda de 61 bilhões de dólares à Ucrânia pelo Congresso americano.

Durante uma entrevista televisiva na quinta-feira 6, Macron anunciou o fornecimento de caças Mirage 2000-5 para Kiev, além do treinamento de pilotos ucranianos na França “até ao final do ano”.

O presidente francês, que não especificou o número de aeronaves, também voltou a mencionar um possível envio de instrutores europeus para solo ucraniano, a pedido de Kiev.

Embora não tenha confirmado essa última medida, a declaração foi repudiada pela Rússia.

“Macron mostra apoio absoluto ao regime ucraniano e declara que a República Francesa está disposta a participar diretamente do conflito militar”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, às agências russas.

Questionado pela imprensa, o mandatário francês negou que as medidas representem “um fator de escalada” contra Moscou. Acrescentou ainda que mesmo a opção de treinar soldados ucranianos na “região oeste, que é uma zona livre da Ucrânia”, não seria um gesto “agressivo”.

Na presença do presidente ucraniano, o grupo franco-alemão de armamentos KNDS também oficializou na sexta-feira a criação de uma subsidiária na Ucrânia que permitirá a produção de equipamentos e munições em solo ucraniano.

“Democracia” e “grandeza”

Durante as comemorações do Desembarque da Normandia, Biden já havia traçado um paralelo entre a luta dos ucranianos contra as tropas russas e a batalha para libertar a Europa da Alemanha nazista.


E em um novo discurso na Pointe du Hoc, na Normandia, um promontório que as tropas americanas tomaram em 6 de junho de 1944 dos soldados alemães em um ataque audacioso, pediu aos seus concidadãos que defendam a democracia.

“A democracia americana exige o que há de mais difícil: acreditar que fazemos parte de algo maior do que nós mesmos. Portanto, a democracia começa com cada um de nós”, disse o mandatário de 81 anos.

Faltando cinco meses para a eleição presidencial dos EUA, ele seguiu os passos do republicano Ronald Reagan, que em 6 de junho de 1984, no mesmo local, apelou para o heroísmo daqueles que desembarcaram e fez uma crítica velada a Trump.

“Eu me recuso a acreditar que a grandeza da América pertence ao passado”, disse Biden, em uma referência ao seu rival republicano, que insiste que os Estados Unidos estão em declínio.

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1 comentário

joao medeiros 7 de junho de 2024 20h39
Estes senhores da guerra não se importam em destruir uma nação e o povo ucraniano, incentivando este maluco que quer atrair o mundo todo a um conflito ideológico e impossível de ser vencido. A Rússia foi a maior resistência ao nazismo na 2 guerra mundial este lunático quer imputar sua culpa e loucura aquela realidade antiga.

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