Afinal, o que encanta a bolsonapatia dos seguidores do presidente?

Bolsonaro é a mais perfeita encarnação da boçalidade presente na condição humana. Lamentavelmente, encanta um sem número de seguidores

O presidente Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)

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Dizer que Bolsonaro não tem o menor equilíbrio emocional, sendo totalmente desqualificado para ser presidente da República é reducionismo absoluto. Afirmar que ele agride a língua portuguesa com impropérios crivados de figuras escatológicas, violentas e destrutivas para a autoestima é mero simplismo. Constatar que sua condição intelectual é limitada e sem qualquer condição de abstração, por mais simples que seja, é perder-se no vazio das explicações.

Trata-se de alguém que não tem formação universitária, mas vocifera agressões quando é abordado sobre isso. O que pretendo discorrer é sobre como essa boçalidade pode, ainda nesse momento, despertar fascínio em seus seguidores. Bolsanoro encarna a todos que nunca conseguiram se debruçar sobre um livro para estudar, ou mesmo para se enternecer com a magia da leitura. Representa o teor de agressividade daqueles incapazes de se ater a uma poesia para deleite da alma. Agride a todas as formas de manifestação artística. Afinal, em sua visão, isso é inútil e para desocupados.

A visão retrógrada do presidente ignora os pobres e oprimidos. Ele representa de modo único o feminicida que espanca a mulher pelo desprezo que lega ao gênero feminino. Encarna o desdém pela vida acadêmica e por todas as formas de pesquisa e de vida inteligente que não resulte nos fortalecimento bélico ou, então, nos lucros do capital. Sua falta de cognição impede tal compreensão.

Bolsonaro é, ainda, a faceta mais abjeta dos desprezos pelos direitos humanos, alguém cujo nível intelectual não consegue aceitar que existam pessoas diferentes daquilo que ele vocifera como sendo a “normalidade”. É a mais perfeita encarnação da boçalidade presente na condição humana e que, lamentavelmente, encanta um sem número de outros tantos acometidos de bolsonapatia, a doença mental dos nossos tempos.

Ele é um retrocesso impensável até bem pouco tempo atrás. Alguém cuja figura se apresenta fazendo arminhas com as mãos como se fosse uma brincadeira infantil sem maiores consequências. A mais perfeita idiotia que não decepciona seus seguidores. Afinal, o que se pode esperar dele não é a superação dessa boçalidade, pois isso é o que encanta a bolsonapatia dos seguidores.


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