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Opinião
Apagão em São Paulo revela fiasco da privatização da energia elétrica
A onda de venda de empresas públicas obedece à lógica rentista. O colapso no fornecimento de energia pela Enel prova essa situação de terra arrasada
Por
Sergio Takemoto
09.11.2023 19h17
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Desde o feriado de Finados, em 2 de novembro, a cidade de São Paulo vive um verdadeiro caos por conta do apagão que deixou a população sem fornecimento regular de energia, afetando serviços essenciais na capital e cidades vizinhas. A situação expõe as inconsequências e inconveniências da privatização de empresas públicas que produzem insumos universais, a exemplo da rede de energia elétrica. Passados seis dias, 20 mil residências ainda permanecem na escuridão devido ao blecaute, que atingiu mais de 2 milhões de pessoas, depois das fortes chuvas e ventanias de mais de 100 quilômetros/hora que castigaram o estado.
O apagão em São Paulo escancarou a insuficiência da oferta de bens e serviços públicos – os chamados monopólios naturais, como é o caso de energia, saneamento e logística, além da saúde, educação e transporte urbano, resultado da agenda privatista assumida no estado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pelo prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB). A gestão de ambos acelera, sem debate ou consulta à população, projetos de entrega do patrimônio público a setores da iniciativa privada. A Enel é a responsável por gerir a energia em território paulista, sendo conhecida por ser uma empresa que coleciona problemas por onde passa.
Foi essa multinacional italiana que adquiriu a antiga estatal Eletropaulo em 2018 e, desde então, reduziu em 36% o número de funcionários, mesmo diante do aumento de clientes e no valor das tarifas. Logo, as transformações nas estratégias das empresas explicam a sanha das privatizações de bens públicos, a ponto dos atuais gestores públicos paulistas insistirem com a defesa da venda da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e de todas as linhas do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Seja como for, a receita é sempre a mesma: o capital privado que controla concessões públicas costuma cortar postos de trabalho, reduzir salários e apostar na terceirização dos serviços.
É preciso deixar claro que o apagão paulista é fruto de uma política de privatização que governos como o do estado e o da capital tentam impor ao nosso país. Os empregados da Caixa Econômica Federal, o único banco 100% público da América Latina, sabem da importância de uma empresa pública voltada aos interesses da maioria da população. O monopólio privado e a desobrigação de investimentos na estrutura da rede de energia elétrica comprometem a qualidade do serviço prestado à população.
No caso das privatizações, a financeirização rentista se beneficia de um ativo existente e gerador de renda monopolista, criado com dinheiro público. Se a sociedade paulista não se mobilizar, empresas públicas como a Sabesp, o Metrô e a CPTM poderão ser privatizados em um piscar de olhos e isso irá comprometer o desenvolvimento de São Paulo. E, por isso, é fundamental a unidade de sindicatos, associações e sociedade civil em torno da luta em defesa das estatais. A mobilização é por direitos, democracia, soberania nacional e por cada cidadão brasileiro.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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