O brasileiro é um dos povos mais complacentes do planeta. Como todas as nações gigantes, é propenso à introversão. Damos atenção apenas relativa, apenas seletiva, ao que ocorre em outros países. Além do mais, somos afortunados. Vivemos na América do Sul, região de paz, onde não se vê guerra há muito tempo. Temos boas relações com todos os nossos vizinhos de fronteira, sem exceção. E mais: ficamos razoavelmente preservados dos efeitos destrutivos das duas Guerras Mundiais do século XX. Por todos esses motivos, os brasileiros estão entre os menos alertas para o perigo que o mundo corre desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
E, no entanto, os riscos são crescentes, até mesmo o risco extremo de guerra nuclear. O conflito na Ucrânia envolve, direta ou indiretamente, as duas principais potências nucleares. A Rússia, diretamente. Os Estados Unidos, indiretamente, por meio de uma guerra por procuração em que os ucranianos lutam e morrem por eles. Para os EUA, o que está em jogo é nada mais nada menos do que o prestígio da sua hegemonia global, desafiada pela invasão da Ucrânia. A Rússia, por seu lado, enxerga na ação do Ocidente, na Ucrânia e em outros países, uma ameaça existencial, e tem dito isso aberta e repetidamente.
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