Opinião

O agroneoliberalismo brasileiro

‘Manadas são usadas como justificativa para aumentar a destruição da Amazônia e outros biomas’

Amazônia
Foto: luoman/iStockphotos Foto: luoman/iStockphotos
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Sofreguidão, diria, pedindo permissão a CartaCapital para lembrar meu ofício de cronista.

São eternas, entre as diferentes correntes da economia, formulações para o desenvolvimento de um país. Parece, no entanto, não ser essa a essência de todas elas, em conceitos e ações. Sempre mais próximas da preservação do status quo político, poderes partidários incumbentes, seguridade patrimonial e financeira de quem instalado no topo da pirâmide.

Daí isolarem o que acontece com a boiada que “se marca, tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente” (Geraldo Vandré, Theo de Barros – 1966).

Cinquenta e cinco anos de Federação de Corporações, atualizo a proposta de “Disparada”: não, com gente NÃO é diferente, mas pior.

Hoje em dia, manadas são usadas como justificativa para aumentar a destruição da Amazônia e outros biomas e, de cabo a rabo, servir a perdas patrimoniais descomunais para o País, específico manto de corrupção de um ministro que se mimetiza.

As folhas e telas cotidianas, bem escritas, trazem especialistas discutindo o que chamam de traquinagens inflacionárias dos primeiros mandatários dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, ao acelerarem suas economias, em perfil desenvolvimentista.

Creio provável descontinuidade pandêmica, com altos índices de vacinação, a que logo seguirá obrigatoriedade de vacinações anuais.

Índices, estatísticas, aprovações, no meu caso, testemunho de uma filha que mora nos EUA, fazem crível a recuperação econômica nos países desenvolvidos e bem imunizados.

Até que, oportunistas do caos, surjam os que vivem de “aflinflações” e exterminem quaisquer políticas voltadas a crescimento, desenvolvimento social e menor desigualdade.

É o caso Lawrence (Larry) Summers, secretário do Tesouro dos EUA, durante os últimos 18 meses da presidência de Bill Clinton.

Em entrevista de 12 de abril ao Financial Times, conduzida pelo editor econômico, Martin Wolf, o economista se diz “preocupado que o feito de [Biden] seja substancialmente excessivo”.

Não precisamos ir muito longe: a temerária inflação. Summers foi rebatido por Paul Krugman, mas perturbou Wolf, o entrevistador.

“É razoável duvidar que as forças desinflacionarias das últimas três décadas operem hoje com tanta força. É difícil acreditar que essas políticas monetárias emergenciais deveriam se manter por anos, como pensam muitos no FED. Tenho dúvida se deveriam se manter mesmo agora”.

MW olha apenas para os EUA. Seria bom que olhasse para o Brasil, onde esteve recentemente. Arguto, deve ter olhado. Talvez informado por um dos filhos do capitão (prefiro os sobrinhos).

O Brasil a ser consultado é aquele onde vivem mais de 14 milhões de famílias em extrema pobreza, renda per capita de 89 reais mensais (52% da população), com mesmo número de desempregados, e 22% que aferem

Ouviria: “Graças a Deus” ou, do topo da pirâmide, “Deo Gratias”. A capacidade de reação do brasileiro funciona como placebo, em “Pílulas Opinativas”, hoje de indignação.

Outro analista que vê o mundo e os vieses dos economistas de forma apropriada é Dani Rodrik, professor de Economia Política Internacional, na JFK, em Harvard.

“A resposta certa a qualquer pergunta de política econômica é: depende”.

No Brasil, isso nunca será ponderado.

Nota: se neologismo for, agroneoliberalismo será analisado no próximo inté.

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