O Brasil não precisa de autorização

O País tem seus próprios interesses, mas será importante não esquecer o direito internacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia com o homólogo Xi Jinping. Foto: Ken Ishii / POOL / AFP

Apoie Siga-nos no

Na mesma semana em que visitava a China, Lula foi convidado pelo Japão para a reunião do G-7. Nessa semana assinalavam-se os cem dias de governo e a mídia brasileira aproveitava para expressar em casa o desapontamento com os resultados da governança. Exatamente no momento em que todo o mundo mostrava interesse em atrair a atenção do presidente da República, o jornalismo brasileiro parecia apostado em lembrar Lula que ele não tinha ainda resolvido todos os problemas do País. Sinceramente, ao menos para quem observa de fora, o problema não me parece ser do governo, mas da mídia.

Na verdade, quem tem o mínimo de capacidade de análise facilmente reconhecerá que um dos mais sérios problemas do Brasil nestes últimos quatro anos consistiu no isolamento político internacional. Esse isolamento nunca foi apenas um problema externo, mas um problema para a política nacional – danos para a política comercial, danos para o investimento externo, danos para a política ambiental, danos para os cidadãos. Cem dias depois, esse problema desapareceu, o Brasil retornou ao palco da política internacional e voltou a ser um país respeitado e previsível. Isso não quer dizer, obviamente, que todos concordem com a sua política externa (voltarei a esse ponto), mas todos têm consciência de que a vida política internacional fica mais rica, mais representativa e mais diversa quando veem o Brasil voltar a ocupar o seu espaço na cena global.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 23 de abril de 2023 21h36
Prezado ministro José Sócrates, de fato essa mídia brasileira parece que tem amnésia ou é canalha mesmo. Em 100 dias de governo o presidente Lula fez mais do que os quatro anos que Bolsonaro desfez no Brasil e está resgatando o prestígio internacional do Brasil perante o mundo. Lula consegue assinar contratos com países que Bolsonaro desconsiderou e essa mídia, quase que ignorou sua política externa, mas é em Lula que eles mais batem. Esse é o chamado complexo de vira lata, embora os vira latas sejam caninos simpáticos e fiéis. Essa nossa imprensa nos envergonha perante o mundo, enquanto que a mídia internacional vibra com a presença de Lula e têm nele uma esperança de líder que possa fazer a diferença. A mídia brasileira deveria ler e ouvir mais Henry Kissinger e parar com as ladainhas antipetistas, antiesquerdistas e, principalmente, antilulistas. Vade retro mídia nativa brasileira!

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.