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Opinião
O futuro do Brasil na era do hidrogênio verde
O Brasil, com seu potencial em energias renováveis e investimentos estratégicos, pode se tornar um líder global na economia do hidrogênio verde, alinhando-se com um futuro sustentável
Por
Danilo Zimbres
06.12.2023 13h00
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O governo federal anunciou recentemente que a empresa australiana Fortescue está realizando investimento de 25 bilhões de reais para implementar projeto industrial de produção, armazenagem e exportação de hidrogênio verde no Porto de Pecém, no Ceará. Esse anúncio somou-se a outro, feito em junho, durante encontro entre o presidente Lula e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen: o Brasil deverá receber até R$ 10 bilhões da União Europeia para desenvolver a indústria do hidrogênio verde.
As duas declarações ocorrem meio a uma das transformações geopolíticas mais significativas das últimas décadas: o movimento rumo à transição energética. O objetivo dessa mudança é descarbonizar o planeta e evitar o colapso ambiental, com o aquecimento global irreversível. Uma das principais apostas dos países líderes é que a próxima fase da transição energética se concentrará na utilização do hidrogênio verde como base da economia.
Essa tecnologia permite a geração, a armazenagem e o consumo de energia limpa, sem a emissão de gases causadores do efeito estufa. Com medidas de incentivo adequadas, o Brasil tem enorme potencial de se transformar em potência global de energia, nesse futuro que já está sendo construído.
No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) também aposta no hidrogênio verde como solução estratégica para reduzir as emissões de carbono e promover a transição energética. Com investimentos de R$ 540 bilhões para a transição energética, está prevista a implementação de um plano nacional para o hidrogênio, com ênfase na adaptação da infraestrutura portuária para o armazenamento e escoamento de sua produção.
Nesse contexto, o CNDI, alinhado com as diretrizes internacionais e com o compromisso do país no Acordo de Paris, tem promovido investimentos e incentivos para o desenvolvimento da produção de H2V, visando não apenas a redução das emissões, mas também a criação de empregos e a alavancagem da indústria nacional. Além disso, o novo PAC contempla o chamado Plano de Transição Ecológica, que tem no H2V um de seus pilares.
Para se consolidar como polo produtor e exportador de hidrogênio verde, o Brasil terá que superar alguns desafios. Em primeiro lugar, criar um mercado consumidor significativo, fato que pode atuar como catalisador de toda a cadeia produtiva do setor. Para que isso aconteça, será necessário que municípios e estados sejam indutores dessa transformação. As prefeituras, por exemplo, detêm o poder de instalar plantas de produção de hidrogênio verde e pontos de abastecimento, principalmente para o consumo de suas próprias frotas de veículos.
Em segundo lugar, entes públicos devem abraçar integralmente estas tecnologias, destacando-se como polos científicos e tecnológicos de sua propagação. A adaptação curricular de universidades, institutos técnicos e outras instituições de ensino pode colaborar para a criação de massa crítica em termos de recursos humanos, durante a transição energética. A capacitação de corpo técnico capaz de operar a supracitada infraestrutura pública da nova economia de H2V pode servir, ademais, como indutor tecnológico e importante fonte de formação de mão de obra especializada.
Dianteira. Líder na produção de energia renovável, o Nordeste atrai montadoras como a BYD, de carros elétricos. A região também será um hub de hidrogênio verde – Imagem: Tiago Santana/GOVCE e Feijão Almeida/GOVBA
Em terceiro lugar, deve-se fomentar a atração de capitais e a obtenção de investimentos diretos. O Brasil já vem atraindo investimentos para a instalação de infraestrutura de produção de energia renovável, a base da cadeia do H2V. Estimular o aproveitamento dessa infraestrutura disponível para catalisar a economia de hidrogênio verde deve ser prioridade dos governos, não somente por intermédio de subsídios financeiros, mas também por meio do apoio direto às empresas envolvidas.
Com o cenário atual de geração de energias renováveis bem consolidado e altamente competitivo, o Brasil larga na frente na corrida pela primazia na transformação energética que se prenuncia. As diretrizes do CNDI e as metas do Plano de Transição Ecológica nos colocam na direção certa, alinhados com o futuro sustentável. Com medidas adicionais de incentivo ousadas, mas realistas, podemos nos consolidar como um país líder na competição global pela economia do hidrogênio.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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