Não demorou muito. Mais cedo, porém, do que pensava, Jair Bolsonaro entrou na roda na qual dançam certos deputados e senadores, os mesmos que, ao longo da campanha eleitoral de 2018, foram excomungados pelo candidato vencedor. O que se ouve e se vê agora é o fim da prometida “nova política”.
Há uma lenda conhecida no mundo político, nela o deputado Ulysses Guimarães (1916/1992) é o protagonista. Consta que, após eleições, ele sempre era procurado para saber se previa um Congresso melhor ou pior do que aquele que passou. Com autoridade e conhecimento de 11 mandatos, o doutor Ulysses respondia com convicção: “Pior”.
Bolsonaro concentrou seus ataques violentos na política sobre a qual ele não sabe coisa alguma. Com o mesmo furor eleitoreiro, mirou no que batizou de socialismo. Para ele, “devia ter acabado”. O presidente persegue o trabalho das instituições que agem em defesa das minorias. Ataca os professores e os escritores, entre outros. Estranho, um presidente contra a ordem estabelecida.
Bolsonaro esbarra nas falsas verdades que ele próprio profere. Aumenta, assim, as dificuldades para ser mais bem recebido pelos parlamentares de má intenção. Tal qual. Desta vez, longe dos discursos violentos da campanha eleitoral, eventualmente nos brindará com um sorriso ladino.
Diante disto, já não é surpresa encontrar mais políticos no Congresso em busca de contato com o presidente. Em breve, esse pessoal pedirá e Bolsonaro ofertará a oportunidade através de intermediários.
A sociedade, representando certo cidadão, estimulará suas suspeitas necessidades. Ressalvadas as exceções, quase todos nesse pouco tempo de casa já convivem com o toma lá dá cá. Para isto é necessário afundar os pés na lama.
As nomeações políticas, por exemplo, já estão feitas. Valeria a pena perguntar ao doutor Ulysses se o atual Congresso melhorou ou piorou. Suponho, neste devaneio, que ele, tomado de puro espanto, levaria as mãos à cabeça sem dizer coisa alguma.
E o governo, piorou ou melhorou? “Já se pode perceber o fracasso.”
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