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Tales Ab'Sáber
[email protected]É psicanalista, ensaísta, professor de filosofia da psicanálise na Universidade Federal de São Paulo, autor de, entre outros, “Lulismo, carisma pop e cultura anticrítica”.
Nosso neofascismo diz respeito aos modos de nossa conversão própria da política em violência, o que ninguém pode negar
O neofascismo no Brasil, para quem não entendeu, não emula o fascismo italiano dos anos 1920. Nunca foi isso, evidentemente. Muita energia importante foi gasta com esse debate estéril, de especialistas querendo fixar pontos históricos e palavras, enquanto a vida política do país se degradava de fato. A evocação do termo fascismo vem de uma tradição do pensamento político do século XX, que se refere a uma escala imaginária, ou efetiva, dependendo do que somos capazes de ver, do mal na política. É isso o que importa. Nosso neofascismo diz respeito aos modos de nossa conversão própria da política em violência, o que ninguém pode negar. Ele se ordena e se unifica, por fim, ao redor do bolsonarismo. Uma conversão sistemática, organizada por circuitos oficiais e randômicos sociais, nos seguintes termos:
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
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