Maria Rita Kehl

Opinião

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Quem é o fora da lei?

No campo, os verdadeiros criminosos são os “donos” de terras griladas, e não os agricultores do MST que desejam cultivá-las

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“Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres.” Não, caro leitor, a frase acima não é de Che Guevara nem de Fidel ­Castro. O autor é o grande ­Florestan ­Fernandes, sociólogo, antropólogo, professor e, o mais importante, estudioso do racismo. A citação está gravada na pedra fundamental da escola nacional do MST, no município paulista de Guararema, batizada com o nome de Florestan, um dos intelectuais mais influentes do século XX.

Foi na inauguração da Escola Nacional Florestan Fernandes, em 2006, que vim a conhecer de perto o movimento. Ali se cultivam alimentos orgânicos, consumidos pelos alunos e visitantes da escola e também vendidos no Armazém do Campo, no bairro paulistano da Barra Funda. Os camponeses filiados ao MST não se beneficiam apenas de um pedaço de terra, dentre os milhares de hectares de terras devolutas no Brasil. Para quem não conhece o conceito, as terras devolutas são áreas públicas férteis e não cultivadas, que quase sempre viram alvo de grileiros. Esses criminosos buscam “legalizar” a posse irregular com documentação falsa. Aprendi o significado do termo sem procurar, quando li na adolescência a trilogia O País do Carnaval (1931), Cacau (1933) e Suor (1934), de Jorge Amado.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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