A opinião de Lira sobre o pedido de impeachment de Lula apresentado por Zambelli

O presidente da Câmara foi questionado por CartaCapital durante evento em Aracaju, nesta sexta-feira 1º

Assinatura de Sanção do Projeto de Lei de Conversão que estabelece a política de valorização permanente do salário mínimo. Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira - Marina Ramos/Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicou a CartaCapital serem ínfimas as chances de ele dar prosseguimento ao pedido de impeachment do presidente Lula (PT) por declarações sobre a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.

Na avaliação de Lira, são necessárias três condições para um processo do tipo avançar: crise econômica, mobilização popular e a falta de uma base sólida no Congresso.

“O impeachment não é um jogo de qualquer coisa, você precisa ter as condições específicas para ele”, disse Lira. “Qualquer movimento que você faça contra qualquer presidente da República sem isso só serve para tumultuar o processo político no País e não vai nos levar a lugar nenhum.”

As declarações foram concedidas durante um evento do Partido Progressistas em Aracaju, nesta sexta-feira 1º. A cerimônia, da qual também participaram outros caciques da sigla, oficializou a pré-candidatura do vereador Fabiano Oliveira na corrida pela prefeitura da capital sergipana.

Lira ainda pontuou que, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), deixou de analisar os mais de 200 requerimentos que pediam o afastamento do então presidente por não ter visto “as condições específicas” para justificar um impedimento.

O pedido de impeachment de Lula foi apresentado por um grupo de parlamentares da oposição. A iniciativa é capitaneada pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) e tem como pano de fundo declarações do petista sobre o conflito entre Israel e Hamas.


Durante sua passagem pela África, o presidente classificou como “genocídio” a ofensiva do governo israelense contra a Faixa de Gaza e comparou indiretamente a situação vivida pelos palestinos e a de judeus na Alemanha nazista. Os bombardeios no enclave palestino já deixaram mais de 30 mil mortos.

Entre os apoiadores do pedido de impeachment estão parlamentares de partidos que integram a base do governo, como MDB, PP – o partido de Lira – e União Brasil. Ao todo, as siglas controlam sete ministérios, além de cargos no segundo e no terceiro escalões da máquina federal.

A simpatia dos deputados por um possível afastamento do presidente da República ligou o alerta no Palácio do Planalto. Integrantes da articulação política foram a campo e sinalizaram que pode haver retaliação aos parlamentares que assinaram o pedido, conforme mostrou CartaCapital.

Cabe ao presidente da Câmara autorizar ou rejeitar a abertura de processos de impedimento. Uma vez lido, o requerimento ainda precisa passar pelo aval de uma comissão especial e ser aprovado por pelo menos 342 deputados no plenário, antes de ir ao Senado.

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7 comentários

joao medeiros 3 de março de 2024 14h08
Em uma democracia deve ser aceito qualquer pedido, igualmente os requerentes devem responder, com perca de mandato, caso não seja razoável os argumentos e provas deste pedido. Chega de anistiar estes golpistas!
Wilson Roberto Barbosa Ramos 4 de março de 2024 11h39
Faltou ao repórter dizer a Lira que nenhuma das 3 condições que ele entende necessárias para o impeachment está na Lei. É preciso ter a coragem de confrontar supostos poderosos que não se limitam ao pequeno poder que o povo lhes permite. A imprensa precisa parar de tratar Lira como se eles tivesse recebido delegação de poder sem limites.
Júlio Cesar Silva Dimas 8 de março de 2024 14h37
Júlio Cesar Silva Dimas 8 de março de 2024 14h49
Wilson, Nobre Companheiro, achei bem coerente sua interpretação de não haver materialidade nos argumentos de Arthur Lira para o impedimento do Nosso Presidente Lula. Porém avalio que o cara está a tomar por base os requisitos que levaram ao Golpe de Estado sobre a Dilma. Não houve crime. Houve um julgamento político por falta de apoio popular e falta de uma base sólida no Congresso, o que não é o caso do Lula. O Lira não está nem aí para o constate da Lei, se houvesse clima para tocar o impedimento, mas forte ele se torna. Quanto à materialidade, lá na frente a Justiça analisa. Se for o caso, aponta que foi um erro do Congresso e a vida prossegue. Portanto campanha mais campanha para eleger um Congresso progressista para dar sustentação ao Presidente.
Luiz Fernando Pietroluongo 11 de março de 2024 00h54
Essa mulherzinha é uma sem noção. Fica procurando pelo em ovo e viajando, ao invés de trabalhar pelos eleitores e pelo país, justificando o seu salário.
Paulo Sérgio Lopes Espinheira 16 de março de 2024 00h31
Paulo Sérgio Lopes Espinheira 16 de março de 2024 00h33
Eu só preciso de uma informação, é legal quem assinou o documento participar da votação

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