Política
A posição do governo Lula sobre a CPI dos Atos Golpistas
O discurso adotado pelo governo é o de que a Comissão Parlamentar de Inquérito é assunto exclusivo para o Congresso
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Mesmo após o Senado chegar ao número de assinaturas necessárias para abertura de uma CPI que investigue os atos terrotistas promovidos por bolsonaristas em Brasília no domingo 8, o governo do presidente Lula (PT) busca manter, ao menos por ora, certa distância do tema.
Petistas e aliados têm apontado como principais responsáveis pelo vandalismo o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres e o governador afastado Ibaneis Rocha (MDB). Sobram ainda críticas a militares.
“Teve muita gente da Polícia Militar conivente. Teve muita gente das Forças Armadas aqui dentro conivente”, afirmou Lula nesta quinta-feira 12 durante café da manhã com jornalistas. “Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada. Ou seja, significa alguém facilitou a entrada deles aqui”.
Integrantes do governo têm evitado atribuir diretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a responsabilidade jurídica pelas manifestações golpistas. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), chegou a declarar que recai sobre o ex-capitão a culpa política do ocorrido.
“Houve uma transição conflituosa e não houve reconhecimento do resultado eleitoral”, disse. “É claro que a responsabilidade política é inequívoca”.
Por enquanto, o discurso adotado pelo governo é o de que a Comissão Parlamentar de Inquérito é assunto exclusivo para senadores e deputados e que sua instalação dependerá das investigações.
“É atribuição do Congresso Nacional”, disse a CartaCapital o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Marcio Macedo na quarta-feira 11 após as posses das ministras Sonia Guajajara (Povos Originários) e Anielle Franco (Igualdade Racial).
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), que assinou o protocolo para a abertura da CPI na Casa Alta, afirmou durante a semana que a “assinatura é individual” e que “não tem posição de governo nisso”.
O pedido para criação da comissão foi feito pela senadora Soraya Thronicke (União-MS) e ultrapassou as 27 assinaturas necessárias para a instalação. Uma outra solicitação de abertura foi feita por parlamentares do PT, mas ainda não alcançou o número suficiente de signatários.
CartaCapital apurou que no governo há quem prefira que o protocolo da senadora seja o que siga adiante para que a gestão federal não corra o risco de ser acusada de perseguir Bolsonaro e os seus apoiadores.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), confirmou que a discussão sobre a CPI ficará para fevereiro, após a volta do recesso parlamentar. O senador disse que há fato determinado para a instalação e que o pedido é pertinente.
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