Política

A “vingança do brasileiro médio” e outras análises da mídia europeia

Jornais afirmam que o presidente eleito seduziu brasileiros desiludidos e ansiosos por mudança usando discurso de ódio

A mídia estrangeira expressa um misto de espanto e preocupação
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Confira algumas avaliações da mídia europeia a respeito das eleições no Brasil: 

Süddeutsche Zeitung (Alemanha) – Vitória de Bolsonaro coloca futuro da democracia brasileira em questão

Bolsonaro fez um “juramento a Deus” em seu discurso de vitória, afirmando que seu governo vai defender a Constituição, a liberdade e a democracia. Quase tudo o que ele disse publicamente em seus 28 anos como político sugere, no entanto, que esse compromisso não é de coração – exceto pelo juramento a Deus.

É possível encher livros com as frases antidemocráticas, racistas, misóginas, homofóbicas e de glorificação da violência proferidas pelo próximo chefe de Estado brasileiro.

Nos últimos dias, unidades da Polícia Militar invadiram universidades públicas, dissiparam debates sobre os “princípios da democracia”, fotografaram estudantes e confiscaram cartazes que alertavam sobre a eclosão do fascismo. Bolsonaro disse sobre as ações: “A universidade não é lugar de protesto.” Agora, os cerca de 45 milhões de brasileiros que não votaram nesse homem se perguntam, com razão, em que lugares ainda será possível se manifestar contra o presidente.

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Der Spiegel (Alemanha) – O populista de direita Bolsonaro se torna o próximo presidente do Brasil

A vitória eleitoral de Bolsonaro é vista como uma ameaça à ainda jovem democracia brasileira. O político não pode, no etanto, governar de forma totalmente descontrolada: no Brasil, o presidente tem que renegociar uma maioria antes de cada votação importante no Congresso. (…) Considerando as dezenas de partidos, isso contribui para o risco de que maiorias sejam compradas. No entanto, isso também dá oportunidade para que a oposição barre o presidente.

The Guardian (Reino Unido) – Brasileiros desiludidos trocam política da esperança por política da raiva e do desespero

A campanha de extrema direita pela Presidência do Brasil de Jair Bolsonaro chocou os observadores estrangeiros, que se perguntaram como um candidato com visões tão extremas poderia merecer amplo apoio popular.

Mas os eleitores brasileiros parecem ter seguido uma tendência evidente em democracias conturbadas em todo o mundo, trocando a política da esperança pela “antipolítica” – a política da raiva, da rejeição e do desespero. 

Le Monde (França) – Eleição no Brasil: Bolsonaro, ou a vingança do “brasileiro médio”

O capitão da reserva, ex-membro indisciplinado da brigada de paraquedistas do Exército, seduziu um Brasil cheio de raiva com as suas críticas à esquerda e ao PT? Por causa de seu discurso moralista e punitivo? Ou por seu perfil “antissistema”, prometendo acabar com uma oligarquia que estava no poder por tempo demais? Sem dúvida, por tudo isso. 

Neue Zürcher Zeitung (Suíça) – Ultradireitista Bolsonaro é eleito novo presidente do Brasil

Muitos reconheceram em Jair Bolsonaro uma oportunidade de mudança política. O ex-militar se posicionou com sucesso durante a campanha um candidato honesto e antissistema, apesar de estar há mais de 25 anos no Congresso, como deputado pelo estado do Rio de Janeiro. A restauração da lei e da ordem é uma de suas principais propostas, que vem ao encontro do desejo de muitos brasileiros nesses tempos política e economicamente difíceis. 

La Reppublica (Itália) – Eleição no Brasil: Bolsonaro é o novo presidente

O Brasil encerra a era de Lula e do PT. Agora a direita domina. Uma extrema direita populista e racista. O povo votou. E escolheu o Messias. Apostou tudo nele. E ele, o ex-capitão do Exército, está pronto para aceitar o desafio. 

El Mundo (Espanha) – O ultradireitista Jair Bolsonaro é o novo presidente do Brasil, com 55% dos votos

Depois de uma campanha marcada pela violência com o atentado sofrido por Bolsonaro no início de setembro e a onda de ataques contra homossexuais e opositores de esquerda por parte de partidários do ultradireitista, resta saber se o futuro presidente abandonará seu discurso de ódio à oposição e apostará ou não em reconciliar um país em confronto. 

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