AGU não entrega exames de Bolsonaro, mas afirma teste negativo para coronavírus

Nesta quinta-feira, o presidente declarou que se sentiria 'violado' se precisasse divulgar os resultados de seus exames

Bolsonaro tosse após discursar em ato em Brasília. Foto: Sergio LIMA/AFP

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A Advocacia Geral da União (AGU) afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que o presidente Jair Bolsonaro testou negativo para o coronavírus, , mas não encaminhou o laudo dos testes conforme ordenou a Justiça. A AGU disse ao veículo que enviou à Justiça Federal de São Paulo um relatório médico do dia 18 de março deste ano para atestar o resultado. O documento, no entanto, já tinha sido divulgado pela colunista do UOL, Carla Araújo, no dia 20 de março.

A AGU pediu, em nota, pela extinção do processo. “A Advocacia-Geral da União protocolou petição no processo ajuizado pelo jornal O Estado de S. Paulo no qual é requerida a divulgação dos exames de detecção de Covid-19 do presidente da República, Jair Bolsonaro. A AGU apresenta, na manifestação, relatório médico emitido em 18 de março de 2020 pela Coordenação de Saúde da Presidência da República, no qual é atestado que o presidente da República é monitorado pela respectiva equipe médica, encontrando-se assintomático, tendo, inclusive, realizado exame para detecção da Covid-19, nos dias 12 e 17 de março, com o referido exame dando não reagente (negativo). Tendo em vista a juntada do relatório aos autos do processo, a AGU requer a extinção do processo”.

O pedido pela divulgação dos resultados dos exames foi feito pelo Estado de S. Paulo, depois de ter vários pedidos negados. O pedido foi acatado pela juíza Ana Lúcia Petri Betto, da Justiça Federal, que determinou, na noite da segunda-feira 27, um prazo de 48 horas para que a União fornecesse os laudos de todos os exames feitos pelo presidente Jair Bolsonaro. O prazo se encerrou nesta quinta.

Nesta quinta-feira, durante entrevista à imprensa no Alvorada, o presidente disse que se sentiria “violado” caso precisasse divulgar os laudos e que a AGU iria recorrer da decisão.

“Tem uma lei que garante a intimidade. Nós dois, se tivermos uma doença grave, não somos obrigados a divulgar o dado”, disse, ao se dirigir a uma repórter. “A AGU deve ter recorrido. Se nós perdermos o recurso, aí vai ser apresentado, e eu vou me sentir violentado. A lei vale pro presidente e para o mais humilde cidadão brasileiro.”, declarou.


O presidente Jair Bolsonaro viajou aos Estados Unidos no início de março em agenda oficial, momento em que a pandemia começava a se alastrar pelo mundo. Após o retorno, mais de 20 pessoas de sua comitiva foram diagnosticadas com coronavírus.

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