Aliados de Lula ligam alerta após atos de vandalismo em Brasília, mas plano de segurança para posse não deve ser alterado

Avaliação inicial é que, apesar de estragos pela cidade, bolsonaristas não chegaram nem perto de ameaçar o presidente eleito

Foto: EVARISTO SA / AFP

Apoie Siga-nos no

Apesar da escalada de violência de manifestantes bolsonaristas na segunda-feira, quando atearam fogos em carros e ônibus em Brasília, os atos de vandalismo não devem alterar o esquema de segurança planejado para a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo policiais ouvidos pelo GLOBO e integrantes do entorno do petista consultados por CartaCapital.

Os atos de violência, evidentemente, aumentam a preocupação que já era latente e o fato de ninguém ter sido preso ou responsabilizado pelas forças de segurança do Distrito Federal faz com que as expectativas pelo recrudescimento dos protestos seja diminuída.

Na equipe responsável pela segurança do presidente eleito, a avaliação inicial é que embora a ação antidemocrática de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha causado estragos pela cidade, ninguém chegou perto de Lula ou ameaçou sua segurança, o que reforçaria a avaliação positiva do esquema montado para blindar o presidente eleito.

O argumento é que, na mesma segunda-feira, o presidente eleito se deslocou por vários locais de Brasília sem qualquer problema de segurança. No hotel, embora um pequeno grupo de manifestantes tenha tentado se aproximar, não chegou nem perto de invadir. No momento em que apoiadores de Bolsonaro iniciaram o confronto com policiais, a cerca de 2 quilômetros de onde Lula estava hospedado, a segurança no hotel foi reforçada com integrantes da tropa de choque da PM e policiais federais.

“Em nenhum momento Lula teve sua integridade física ameaçada. Temos que valorizar isso, esses grupos extremistas são cada vez menores”, afirmou o futuro ministro Justiça e Segura Pública, Flávio Dino, na tarde desta terça- feira. Ele completou: “Vamos fazer a maior posse presidencial do Brasil em 1º de janeiro de 2023, com música, cultura e arte. Não há o que temer”.

O deputado federal Enio Verri (PT-PR), em entrevista ao Direto da Redação, boletim de notícias de CartaCapital no Youtube, também avalia que os atos ampliam a preocupação, mas não ameaçam, de fato, a integridade de Lula e seus apoiadores para o dia da posse. Segundo destacou, a expectativa é de que, além do forte esquema montado pela equipe, o próprio volume de pessoas para acompanhar o evento tende a afastar os bolsonaristas que queiram protestar no local.


“Nós esperamos receber em torno de 300 mil pessoas no evento de posse, então será uma pena se alguns bolsonaristas tentarem entrar no meio dessas pessoas. Rezo para que isso não ocorra, porque a tendência, neste caso, é que ocorra uma tragédia”, enfatizou Verri.

Entre integrantes da equipe que faz a segurança de Lula, a ideia é manter o esquema de segurança que vem dando certo desde o início da campanha eleitoral. A avaliação é que o planejamento é “dinâmico”, pode variar até o dia da posse, mas não há previsão, por exemplo, de aumento de efetivo de policiais.

O cálculo dos coordenadores da segurança do presidente eleito é que cada chefe de estado que virá para posse terá, pelo menos, dez policiais, o que naturalmente já ampliará o efetivo, além de agentes infiltrados. Ao todo, são 15 outros presidentes já confirmados e, até 1º de janeiro, o número pode aumentar. Há ainda todo o esquema de segurança que já será montado para que Lula possa subir a rampa do Palácio do Planalto, que contaria, segundo Verri, com a presença de snipers.

Até o dia 31 de dezembro, a equipe de segurança será chefiada pelo delegado Andrei Rodrigues, escolhido para ser diretor-geral da Polícia Federal no futuro governo. Depois da posse, quem assume a função é o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

“O ministro Flávio Dino escolheu como chefe da PF um delegado experiente em grandes eventos, então é uma pessoa que sabe trabalhar muito bem com esses grandes atos como a posse de Lula”, reforçou Verri. “Então, o esquema de segurança montado por ele e outros integrantes da transição de forma muito séria e sigilosa será mantido porque ele é muito bom”, completou o deputado.

Na transição, há expectativa que a Polícia Federal abra inquérito para investigar os atos de vandalismo e que os responsáveis sejam presos.

“Aquilo que nos cabe fazer agora, está sendo feito. Temos feito na Polícia Federal as representações cabíveis nesse momento. Em 1 de janeiro, aquilo que não foi feito nesses 15 e 20 dias, será feito. Todas as pessoas estão sendo identificação e todos os inquéritos cabíveis serão feitos. Crimes políticos são de providência federal”, afirmou Dino.

(Com informações de Agência O Globo

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.