Aloysio Nunes é citado como coordenador de propina em delação da OAS

Empresário afirma que Aloysio solicitava repasses em troca de liberação de dinheiro para obras da prefeitura e governo de São Paulo

Apoie Siga-nos no

O ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira foi citado pela cúpula da empreiteira OAS, durante acordo de delação para a Lava Jato, como um papel central na coordenação de pagamentos de propinas para campanhas do PSDB, entre elas a do senador José Serra à Presidência da República, em 2010. As informações são da Folha de S. Paulo.

Ele é citado pelo menos quatro vezes como a pessoa que solicitava repasses em troca de liberação de dinheiro de obras da prefeitura paulistana e do Governo de São Paulo para a empreiteira.

O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, cita a solicitação de propina por Aloysio para ele ou para Serra nas campanhas de 2006 e 2010 – em 2006, Serra venceu a disputa ao Governo de São Paulo. Em 2010, disputou e perdeu a Presidência, e Aloysio se elegeu ao Senado.

O empresário ainda cita as seguintes obras ligadas ao PSDB como alvo de desvio de dinheiro: ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, o túnel da Radial Leste, a rodovia Carvalho Pinto e a linha 4-amarela do Metrô.

Segundo a delação, Aloysio estaria envolvido a partir de 2005, logo após Serra ser empossado prefeito de São Paulo. O empresário Léo Pinheiro conta ter se reunido com Serra e Aloysio para discutir a continuidade das obras que a OAS tinha iniciado na gestão Marta Suplicy, na época do PT, como a construção da ponte estaiada e o túnel da Radial Leste. Ao optar pela obra, Aloysio teria pedido adequação do programa da construção e pedido vantagens indevidas da ordem de 5%. Segundo Pinheiro, as vantagens acertadas por Aloysio continuaram com a saída de Serra da prefeitura e a chegada de Gilberto Kassab ao cargo.


No período, obras como da avenida Jornalista Roberto Marinho e contratos da Secretaria Municipal da Habitação estariam sendo utilizadas para o repasse de propina.

Há trechos em que Léo Pinheiro cita um pedido de propina por Aloysio, ainda na gestão Serra, da ordem de R$ 5 milhões para representantes de cinco empreiteiras. Em troca, as empresas esperavam a liberação de R$ 180 milhões relativos à construção da linha 4-amarela do Metrô.

As outras duas menções a Aloysio são a respeito das eleições de 2010, quando Serra concorreu ao Planalto e ele, ao Senado por São Paulo. Ambas fazem referência às obras da rodovia Carvalho Pinto – o empresário afirma que o futuro senador solicitou 10% em troca de créditos pendentes da empreiteira na Carvalho Pinto. Para a campanha de Aloysio ao Senado, Léo Pinheiro disse ter dado R$ 1 milhão em espécie, em cinco parcelas de R$ 200 mil.

Segundo reportagem da Folha, o ex-senador Aloysio Nunes negou ter cometido crimes e disse que pediu doações oficiais para a OAS em várias campanhas, que eram legais à época, “sem jamais exigir qualquer tipo de contrapartida”. O ex-prefeito Gilberto Kassab, por sua vez, disse que nunca teve relação próxima com Léo Pinheiro e que jamais fez reunião com a finalidade de manter pagamentos ilegais. Ele disse ainda confiar no Judiciário e que está absolutamente tranquilo diante da lisura e correção com que atuou em cargos públicos. O senador José Serra também não comentou as declarações.

 

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.