O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de Osasco (SP), afirmou não ter entregado à Polícia Federal a senha de seu celular por guardar “confidências profundas” de fiéis que o procuram.
Ele foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro e que mirou também Jair Bolsonaro (PL) e aliados do ex-presidente envolvidos em um conluio para um golpe de Estado.
A PF identificou que o padre participou de uma reunião em 19 de novembro de 2022 na qual teria sido discutida uma minuta golpista para impedir a posse de Lula (PT), então presidente eleito. Há registros de que ele entrou e saiu do Palácio do Planalto.
“Eu entreguei meus equipamentos sem a senha. Por que fiz isso? Eu recebo pedidos de conselho, orientações, as pessoas se confidenciam, abrem a alma, contam seus dramas mais profundos para mim”, disse o padre, em vídeo publicado nas redes sociais. “Eu não posso expor meus fiéis. Estou resguardado pela lei brasileira e por acordos internacionais.”
José Eduardo de Oliveira e Silva foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Em relatório enviado ao STF, a PF aponta que o padre “possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados a produção e divulgação de notícias falsas”.
Segundo a polícia, o padre faria parte do chamado “núcleo jurídico” de uma organização criminosa que agia para desacreditar o processo eleitoral, além de planejar um golpe para abolir o Estado Democrático de Direito e barrar a posse de Lula.
O “núcleo jurídico” funcionaria por meio de “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.
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