Após anos de ameaças, Bolsonaro diz que eleição de 2022 é ‘página virada’

O ex-presidente também afirmou que pensa em se candidatar a vereador pelo Rio de Janeiro

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Silvio Avila/AFP

Apoie Siga-nos no

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado 24 que a eleição de 2022 é “página virada” e defendeu “pensar para o futuro”. Na sexta-feira, ele chegou a dizer que pensa em se candidatar a vereador pelo Rio de Janeiro.

Ao longo de seu mandato no Palácio do Planalto, o ex-capitão lançou uma série de suspeitas infundadas sobre o sistema eleitoral e ameaçou questionar o resultado do pleito, vencido por Lula (PT).

O comportamento persistiu até as vésperas da votação. Em 22 de setembro, por exemplo, ele declarou que entregaria a faixa em caso de derrota “em eleições limpas”. As insinuações de que a disputa não seria legítima fizeram parte de seus quatro anos no poder.

Naquele dia de setembro, ante uma pergunta sobre como chegaria a essa conclusão sobre “justiça” na votação, Bolsonaro disse que “assim como você não tem hoje em dia como comprovar um processo eleitoral, o outro lado não tem como comprovar que ele foi sério também”.

Dias antes, em 14 de setembro, ele havia retomado seu discurso em tom de ameaça ao afirmar que após as eleições “todos jogarão dentro das quatro linhas da Constituição”.

A declaração ocorreu em meio à defesa do armamento, uma de suas principais bandeiras. Em despachos assinados no início daquele mês, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, havia limitado o alcance de decretos de Bolsonaro que flexibilizam a compra de armas de fogo e de munições e a posse de armas.


“Um presidente que cada vez mais fala na legítima defesa, que não quer desarmar seu povo, muito pelo contrário. Esperem acabar as eleições, todos jogarão dentro das quatro linhas da Constituição”, discursou. “Vamos trazer essa minoria, que pensa que pode tudo, para dentro das quatro linhas da nossa Constituição.”

Neste sábado 24, em participação por videoconferência em um evento do PL em Rondônia, ele tentou virar a página eleitoral.

“Tivemos eleição ano passado. Eu tive uma aceitação enorme junto a população brasileira. Costumo dizer que a minha popularidade era no mínimo o dobro daquela de 2018”, alegou. “Mas vamos considerar aqui as eleições do ano passado uma página virada. Vamos pensar para o futuro.”

O discurso ocorre também em meio ao julgamento no Tribunal Superior Eleitoral que pode torná-lo inelegível. Na quinta-feira 22, o Ministério Público Eleitoral pediu a sua condenação no caso da reunião com embaixadores em julho de 2022. Os ministros começarão a votar na próxima terça 27.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.