Política
As suspeitas que recaem sobre Anderson Torres pelo terrorismo bolsonarista em Brasília
O ex-secretário de Segurança do DF, recém-demitido pelo governador, foi ministro da Justiça de Bolsonaro até 31 de dezembro
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Em meio ao caos promovido por extremistas bolsonaristas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e o decreto presidencial que instaurou intervenção federal na capital brasileira, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou a demissão do secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. Mas, por que o havia nomeado?
É uma pergunta que intriga muita gente em Brasília. E há quem veja uma explicação heterodoxa. Torres, que é delegado da Polícia Federal, foi ministro da Justiça na segunda metade do governo Jair Bolsonaro e, como chefe da PF, teria descoberto algo desabonador sobre Rocha. De posse de tal informação, ele teria arrancado o cargo novo.
A nomeação de Torres como secretário foi um episódio esquisito. Rocha tomou posse na manhã do dia 1o de janeiro e, na sua foto oficial com o secretariado, aparecia um outro secretário de segurança pública, Julio Danilo. No dia seguinte, saiu no Diário Oficial do Distrito Federal um decreto do Rocha com a nomeação de Torres no lugar de Danilo. Um ato com data do dia 1o.
Em 31 de dezembro, Torres havia publicado em seu perfil no Instagram uma espécie de declaração de fidelidade ao antigo chefe. “Agradeço imensamente ao Presidente Jair Bolsonaro pela confiança em me chamar para esta missão, a qual tive muita honra em desempenhar”.
Torres está nos Estados Unidos neste domingo 8, enquanto os extremistas agem em Brasília. Ele estaria no estado da Flórida, onde Bolsonaro abrigou-se no fim de dezembro, pouco antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Recorde-se um episódio a indicar o tamanho da cumplicidade entre Torres e Bolsonaro. Em junho de 2022, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso pela PF, em razão das investigações do caso dos pastores lobistas do MEC. Ribeiro seria solto pouco depois, mas enquanto estivera sob custódia da PF, recebeu tratamento VIP.
Um telefonema gravado pela PF dias antes da prisão indicava que Ribeiro sabia que algo poderia acontecer com ele. O ex-ministro tinha dito algo sobre isso à filha e contado a ela que tinha sido avisado por Bolsonaro. O telefonema ocorreu em 9 de junho, quando Bolsonaro estava nos EUA para um compromisso presidencial. Torres, então ministro da Justiça, fazia parte daquela comitiva nos EUA.
Não é só Torres que é bolsonarista. O próprio governador é, embora mais discreto. A atuação de sua gestão já havia deixado ressabiado o time lulista da transição, naquela madrugada de dezembro em que bolsonaristas promoveram distúrbios em Brasília. Na ocasião, ninguém havia sido preso.
Autoridades em Brasília acreditam que os atos extremistas deste domingo foram facilitados pela falta de policiamento adequado na Praça dos Três Poderes. Esse policiamento era uma responsabilidade da secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Na manhã deste domingo, o jornal o Estado de S. Paulo noticiou que 100 ônibus haviam chegado a Brasília com bolsonaristas dispostos a protestar contra o governo Lula.
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