Bancos de desenvolvimento e agências de fomento falham em políticas de sustentabilidade

Maior nota no Ranking de Atuação Socioambiental não passou de 30 e transparência de informações também deixou a desejar

O BNDES nega o conflito apontado pelo TCU

Apoie Siga-nos no

Instituições de fomento e bancos de desenvolvimento que atuam no Brasil têm práticas insuficientes nas políticas voltadas para a sustentabilidade, o meio ambiente e as mudanças climáticas. Segundo dados do mais recente Ranking de Atuação Socioambiental de Instituições Financeiras (RASA), ninguém conseguiu nota superior a 29, em uma escala que vai de 0 a 100.

O levantamento, produzido pela organização Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS), observou pontos como ações de mitigação e monitoramento de riscos, governança, composição do portfólio e impacto dos produtos financeiros.

Ainda segundo os dados, nenhuma das instituições financeiras de desenvolvimento (IFDs) conseguiu pontuação no quesito que analisa qual é a relevância da avaliação de ameaça ambiental na tomada de decisões. Esse critério observa o percentual de operações que passaram por análises de risco e o grau de negativa de crédito nesses casos. As instituições não repassaram essas informações para a pesquisa e, portanto, não atingiram nenhum resultado no ranking.

O dado é considerado um dos mais essenciais para indicar a consistência das ações, segundo Luciane Moessa, Diretora Executiva e Técnica da SIS. “Devem existir situações de negativa de crédito, acredito, mas as instituições avaliadas não divulgam nem nos passaram essas informações. E esse, com certeza, é um dos critérios mais importantes, já que indica a seriedade do processo de gestão de riscos.”

Foram avaliadas 22 instituições financeiras de desenvolvimento (IFDs), seis bancos de desenvolvimento e 16 agências de fomento brasileiras. Somente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), primeiro colocado no ranking geral, conseguiu nota superior a 29.

A Agência de Fomento do Estado do Amazonas (AFEAM) foi a segunda colocada com 21,5 pontos. Na Sequência estão o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG),  com 21 pontos, o Banco da Amazônia com(BASA), com 18,4 pontos, e a agência Desenvolve SP, com 17,3 pontos.


Para compor o estudo, foram consultadas informações públicas disponbilizadas na internet pelas organizações. A organização do ranking também enviou questionamentos complementares para as instituições, mas apenas seis delas apresentaram dados. Em alguns casos, nem mesmo os pedidos feitos pela Lei de Acesso à Informação tiveram retorno.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.