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Bolsonaro abre os cofres em busca da reeleição, mas o tiro pode sair pela culatra

Palácio do Planalto decidiu torrar cerca de 300 bilhões de reais para turbinar a popularidade claudicante do ex-capitão

Bolsonaro descobre repentinamente uma paixão pelos indígenas. Guedes foi reduzido ao papel de ministro decorativo - Imagem: Washington Costa/ME e Clauber Cléber Caetano/PR
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Nunca antes na história deste País, diria Lula, um presidente da República usou com tamanho despudor e de forma tão escancarada a máquina pública em favor de um projeto pessoal de poder. A reeleição, sabem até os paralelepípedos da Esplanada dos Ministérios, é mais do que uma obsessão de Jair Bolsonaro, manifestada desde o primeiro dia de mandato. É uma questão de sobrevivência. Alvo de inúmeros processos e investigações – o último, uma ação de improbidade proposta pelo Ministério Público por conta da contratação irregular da funcionária “Wal do Açaí” na época de deputado federal -, Bolsonaro precisa garantir o foro privilegiado para si e para os filhos, igualmente enrolados na Justiça. Não há limites para alcançar o objetivo. Entre canetadas, projetos enviados ao Congresso e promessas, o Palácio do Planalto decidiu torrar cerca de 300 bilhões de reais para turbinar a popularidade claudicante do ex-capitão, mantê-lo no páreo e, quiçá, em uma hipótese hoje pouco provável, garantir outros quatro anos na cadeira mais importante de Brasília.

O recente pacote de bondades eleitorais leva o nome de “Programa Renda e Oportunidade” e promete injetar 165 bilhões de reais na economia até o fim do ano. Em forma de Medida Provisória, as iniciativas começam a valer imediatamente e se prolongam por no mínimo 120 dias, caso o Congresso, no fim das contas, opte por derrubar o despacho do Executivo. Em tese, a situação de penúria da população, esmagada entre a inflação em alta e a renda em declínio, justifica a urgência da MP. O pacote inclui a liberação do saque de até mil reais do Fundo de Garantia, o adiantamento do 13° salário de 30 milhões de aposentados e a expansão das margens do crédito consignado e do microcrédito.

A INFLAÇÃO EM ALTA, A RENDA EM QUEDA E A FALTA DE EMPREGO CORROEM O PACOTE DE BONDADES

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