Bolsonaro ataca governador de Pernambuco por 13º do Bolsa Família

O presidente Jair Bolsonaro publicou um vídeo crítico ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), por uma propaganda do 13º salário para beneficiários do Bolsa Família no estado. O projeto do benefício extra, no entanto, já tinha sido aprovado pelo governador pernambucano em abril deste ano.

“A desonestidade ainda persiste na política. O espertalhão da vez agora é o Governador de Pernambuco, do PSB”, escreveu o presidente – que ainda não se manifestou nas redes sociais acerca das polêmicas envolvendo seu partido e a base do governo no Congresso.

Logo depois, Paulo Câmara respondeu, também pelo Twitter, que o governo pernambucano já havia aprovado um projeto semelhante ao sancionado por Bolsonaro em abril de 2019. Além disso, também apontou que a proposta feita ainda em campanha por Bolsonaro também veio depois de manifestação semelhante de Câmara, que exerce seu segundo mandato no estado.

“Em 26 de agosto de 2018, na campanha para reeleição, anunciei que todos os beneficiários do Bolsa Família em Pernambuco receberiam uma 13ª parcela, paga com recursos do tesouro estadual. Semelhante proposta foi apresentada pelo candidato Bolsonaro mais de 40 dias depois”, escreveu o governador.

No caso do 13º pernambucano, o benefício será pago em três vezes a partir de fevereiro de 2020. No projeto federal sancionado por Bolsonaro, ainda não há detalhes sobre como a verba de mais de 2.58 milhões será distribuída.

Paulo Câmara continuou a criticar a reivindicação de Bolsonaro pela autoria do projeto. “Existem os programas estadual e federal, sendo o nosso anterior ao do presidente. Um detalhe que parece incomodá-lo, quando o mais importante deve ser assegurar o benefício a milhões de brasileiros, que já aguardam ansiosos pelo pagamento”, escreveu.

No Diário Oficial da União, o texto de Bolsonaro diz alterar a lei criadora do Bolsa Família “para dispor sobre o pagamento do benefício financeiro relativo ao mês de dezembro de 2019 como abono natalino”, mas não especifica se o projeto será válido a partir de 2020. O Congresso precisa aprovar a Medida Provisória em até 120 dias.

Essa é a segunda vez que Jair Bolsonaro escolhe um governador do Nordeste para criticar. Na primeira ocasião, ao chamar Flavio Dino (PCdoB), do Maranhão, pejorativamente de “paraíba”, ele precisou recorrer e se explicar em relação ao tom de sua fala. “Eu amo o Nordeste. Afinal de contas, a minha filha tem, em suas veias, sangue de cabra da peste”, disse.