Bolsonaro confirma que Arthur Weintraub o influenciou a defender cloroquina contra a Covid

Em live, o presidente voltou a pedir o fim do uso de máscaras por vacinados e recuperados: 'Não podemos viver na opressão'

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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O presidente Jair Bolsonaro usou sua transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira 10 para insinuar fraudes na contagem de mortes por Covid-19, defender remédios ineficazes, militar contra as máscaras e atacar administrações estaduais. Também confirmou a influência do ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub sobre assuntos relacionados à pandemia.

 

 

O chefe do Executivo nacional tornou a mencionar um relatório com dados não comprovados sobre as mortes por Covid-19 no Brasil, produzido pelo auditor do Tribunal de Contas da União Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques. Na quarta-feira 9, o TCU afastou o servidor.

“A conclusão é um acórdão, não conclusivo, com fortíssimos indícios de supernotificação”, disse o presidente.


“Muita gente tinha várias comorbidades e tinha Covid também. E acaba prevalecendo na causa mortis a Covid. Talvez para conseguir mais recursos federais. Isso poderia ser patrocinado pelos respectivos secretários estaduais de saúde”, acusou, novamente sem apresentar evidências.

O suposto documento feito por Marques, que já havia sido usado por Bolsonaro na segunda-feira 7, dizia que 50% das mortes registradas por Covid-19 no Brasil, na verdade, tiveram outras causas.

No mesmo dia, o TCU desmentiu o presidente sobre os números citados. “O TCU esclarece que não há informações em relatórios do tribunal que apontem que ‘em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid’, conforme afirmação do Presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje”, diz o texto.

Na terça-feira 8, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), membro da CPI da Covid, afirmou que é urgente a necessidade de aprovar a quebra dos sigilos do auditor.

Bolsonaro voltou a defender o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o novo coronavírus, dizendo que o suposto ‘tratamento inicial’ traria resultados.

“Fui um dos raros chefes de Estado a apostar nisso. Uma das pessoas que conversaram comigo sobre isso, no início, foi o Arthur Weintraub”, afirmou, em referência ao irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.

O presidente ainda usou a live para repetir que o governo federal emitirá um parecer para flexibilizar o uso de máscara no Brasil, em flagrante contraposição às recomendações de especialistas.

“Orientar a desobrigação de uso da máscara para quem já foi vacinado ou já contraiu o vírus. A gente não pode viver numa opressão a vida toda”, disse.

Na transmissão ao vivo, Bolsonaro mais uma vez pediu a aprovação, pelo Congresso Nacional, da PEC do Voto Impresso, de autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). Ao tratar do assunto, o ocupante do Palácio do Planalto foi ao ataque contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.

“Eu ouvi uma coisa importante dele [Barroso] hoje: ‘Se o Congresso aprovar a PEC e não for judicializado, nós vamos cumprir’. Que negócio é esse, ministro Barroso? Se alguém entrar com uma ação no Supremo, você vai despachar que não vale a PEC?”, questionou.

“Se o Congresso aprovar o voto impresso, vamos ter eleições com voto impresso e ponto final”, acrescentou. “Vai cumprir, sim. E não se discute mais”.

 


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