Política

Bolsonaro desconversa sobre áudio de Queiroz negociando cargos no Congresso

‘Eu não sei dessa informação. O Queiroz cuida da vida dele, eu cuido da minha’, se limitou a dizer o presidente, questionado pela imprensa

Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)
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O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quinta-feira 24, após jantar com empresários brasileiros em Pequim, que não ouviu o áudio em que Fabrício Queiróz, ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro, aparece discutindo cargos no Congresso em junho deste ano. O arquivo de whatsapp foi conseguido e divulgado pelo O Globo.

“Eu não sei dessa informação. Por favor, por favor. O (Fabrício) Queiroz cuida da vida dele, eu cuido da minha”, se limitou a dizer o presidente a jornalistas. Pressionado pela imprensa, depois questionou: “Ele falou que está negociando cargo, é isso?”.

No áudio, Queiroz aparece debatendo a situação de cargos que podiam ser usados por aliados no Congresso. No diálogo, ele sugere que as indicações poderiam ser feitas por meio de comissões ou em gabinetes de outros deputados e senadores, e não apenas em cargos vinculados à família Bolsonaro. Ele também descreve o gabinete de Flávio no Senado como um local muito demandado por parlamentares para conseguirem vagas. “É só chegar e pedir nomeia fulano pra trabalhar contigo aí”, diz em um trecho.

Em outro momento, ele fala sobre a farta quantidade de cargos que podem ser ocupados por aliados. “Tem mais de 500 cargos, cara, lá na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles (família Bolsonaro) em nada. 20 continho aí para gente caía bem pra c**”.

À reportagem do O Globo, em nota, Queiróz admitiu que mantém a influência por ter “contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro”. Também em nota, o senador Flávio Bolsonaro negou que tenha aceitado indicações do ex-assessor e que mantenha qualquer contato com ele desde o ano passado.

Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio por suposta prática da rachadinha —  quando os servidores comissionados devolvem parte dos salários. Ele esteve no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio entre 2007 e 2018 e, no período, emplacou sete parentes na estrutura.

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