Bolsonaro diz que não acredita em pesquisa, mas elogia instituto que o coloca à frente de Lula

Ex-capitão disse que os levantamentos que mostram a derrota do petista ‘são os que mais estão acertando’

Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a questionar as pesquisas eleitorais que colocam o ex-presidente Lula (PT) na liderança do segundo turno e elogiou um único levantamento, do instituto Veritá, que aponta para um cenário de derrota do petista.

“Eu não acredito em pesquisa, mas esse tipo de pesquisa (do instituto Veritá) é o que mais tem acertado. O Datafolha é uma vergonha”, disse à rádio Tupi do Rio de Janeiro nesta segunda-feira 17. “Tem o tal do Ipec também que é o Ibope que não acerta nada, mas influencia quem vota. Tem muita gente que gosta de votar em quem está ganhando”.

O levantamento elogiado por Bolsonaro foi publicado no domingo 16 e mostra o ex-capitão com 51,2% dos votos válidos, enquanto Lula aparece com 48,8%. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, os dois candidatos estariam tecnicamente empatados. Para a pesquisa, foram ouvidas 5.528 pessoas entre 11 a 15 de outubro. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral como o BR-04850/2022.

Os dados contrastam significativamente com pesquisas de outros institutos. O Datafolha, por exemplo, aponta a liderança de Lula por 53% a 47%. Já no Ipec, antigo Ibope, o petista tem 55% dos votos válidos contra 45% do ex-capitão.

O Veritá é o mesmo instituto que apontou a vitória de Aécio Neves (PSDB) sobre Dilma Rousseff (PT) em 2014, dias antes da eleição. Naquela ocasião, o levantamento também contrastava significativamente dos demais, conforme registra o site Congresso em Foco em matéria de 21 de outubro de 2014. Na pesquisa Veritá, o tucano aparecia com 53,2% dos votos válidos e a petista com 46,8%. O Datafolha, por sua vez, apontava Dilma com 52% e Aécio com 48%. Poucos dias depois, Dilma foi eleita com 51,64%, ante 48,36% de Aécio.

Ainda na conversa, Bolsonaro voltou a atacar as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral. Disse, sem apresentar provas, que o sistema de votação não seria inviolável e mentiu ao afirmar que ele não seria auditável. Sobre o tribunal, afirmou ser vítima de perseguição e acusou a Corte de não ter imparcialidade ao analisar ações contra ele e contra Lula. “As medidas que entram contra mim quase todas são aceitas, a recíproca não é verdadeira”.


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