Política
Bolsonaro diz que seu filho “pagará o preço” em caso de “erros”
É a primeira vez que Bolsonaro se pronuncia de maneira contundente a respeito do escândalo que passa a menos de um mês de governo.
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista nesta quarta-feira 23 que seu filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro, “pagará o preço” se forem comprovadas as transações financeiras irregulares de que é suspeito. “Se por ventura ele vier a errar, se for comprovado, eu lamento como pai, mas ele vai pagar aí o preço dessas ações que não podemos coadunar.”
A declaração foi feita à agência de notícias Bloomberg durante sua participação no Fórum de Davos, da Suíça.
É a primeira vez que Bolsonaro se pronuncia de maneira um pouco mais direta a respeito do escândalo por que passa o governo que nem completou um mês de vida.
A primeira viagem ao exterior como presidente foi ofuscada pelo noticiário a respeito de supostas irregularidades financeiras envolvendo seu filho mais velho.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou movimentações atípicas nas contas de Fabrício Queiroz, motorista e segurança de Flávio Bolsonaro, então deputado da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Foram realizados 48 depósitos de 2.000 reais cada em sua conta bancária entre junho e julho de 2017, no valor total de 96.000 reais.
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Os 48 depósitos foram feitos em cinco dias diferentes e com poucos minutos de diferença entre eles, em um caixa eletrônico da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O filho mais velho de Bolsonaro, que assumirá o cargo de senador em fevereiro, nega qualquer irregularidade e afirma que o dinheiro foi obtido de forma transparente com a venda de um apartamento no Rio de Janeiro.
As primeiras suspeitas sobre o caso foram reveladas em dezembro pelo jornal Estadão, que divulgou um movimento de 1,2 milhão de reais nas contas de Fabrício Queiroz, ex-funcionário de Flávio Bolsonaro em seu gabinete na Alerj.
A investigação para determinar a origem do dinheiro, a cargo do Ministério Público do Rio de Janeiro, foi temporariamente suspensa pelo Supremo Tribunal Federal a pedido de Flávio Bolsonaro.
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Na terça-feira as suspeitas sobre a ligação de funcionários do gabinete de Flávio na Alerj com nomes do crime organizado também afetou a pauta do presidente em Davos.
Segundo esses relatos, o gabinete de Flávio empregou durante alguns anos a mãe e esposa de Adriano Magalhães, um ex-policial que desde terça-feira é fugitivo da justiça por sua atuação em milícias, e que alguns meios de comunicação apontam extraoficialmente como suspeito do assassinato da vereadora Marielle Franco em março de 2018.
Flávio disse que a contratação de ambos os funcionários é responsabilidade de Queiroz e que qualquer tentativa de vincular seu nome ao crime organizado faz parte de uma “campanha de difamação” para afetar o governo de seu pai.
A investigação sobre Flávio Bolsonaro corre o risco de minar a agenda anticorrupção do presidente.
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