O presidente Jair Bolsonaro disse que está “aguardando” o registro de um pedido de impeachment por corrupção, como forma de desafiar requerentes da abertura do processo na Câmara dos Deputados. O ex-capitão fazia referência ao pedido protocolado pelo advogado Miguel Reale Jr., com base em crimes apontados pela CPI da Covid, apresentado na quarta-feira 8 após mais de 140 requerimentos terem sido engavetados.
“Tudo balela, tudo palhaçada. Não tem impeachment sem povo na rua. Cadê a denúncia de corrupção?“, ironizou o presidente.
Na sequência, fez comentários ofensivos a Reale Jr. e o provocou sobre a denúncia não tratar, supostamente, de prática de corrupção.
“Entra com pedido de impeachment por corrupção, porra. Tô aguardando, por corrupção.”
Diferentemente do que o presidente afirma, pedidos de impeachment já tocaram no assunto da corrupção. O superpedido apresentado em julho, por exemplo, veio no bojo do escândalo da Covaxin e citou crimes contra a probidade na administração, como conivência de Bolsonaro com a “insistência de transações que violavam o interesse público” e o aparelhamento de instituições para impedir investigações contra a sua família.
O pedido protocolado por Reale Jr. concentrou-se, no entanto, em questões que envolvem a gerência da saúde pública, como a falta de oxigênio em Manaus, o incentivo ao consumo de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 e o estímulo a movimentos contra a vacinação, entre outros temas.
Na transmissão, Bolsonaro repetiu o discurso antivacina e reivindicou o “direito” de as pessoas não se imunizarem contra o coronavírus. O presidente voltou a dizer, inclusive, que as vacinas são menos eficazes que a suposta imunidade adquirida após a infecção, sem citar, por exemplo, o alerta que entidades sanitárias fazem sobre o surgimento de novas variantes.
O ex-capitão criticou, ainda, a possibilidade de que estados como São Paulo passem a exigir o “passaporte sanitário”, um tipo de certificado de vacinação que permitiria a entrada em determinados recintos.
“Não quer se respeitar a liberdade das pessoas. É um direito se vacinar ou não”, disse Bolsonaro. “E as pessoas vão estar condenadas ao quê? A serem marginais, a entrarem no mundo da violência? Que medidas são essas?”, reclamou.
A Organização Mundial da Saúde reitera, porém, que a vacinação é um “esforço coletivo”, e não somente uma proteção individual, e que, portanto, somente amplas campanhas de imunização poderão cessar a proliferação da doença.
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