A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou, segundo o jornal O Globo, que o presidente Jair Bolsonaro quis ter acesso a informações da Polícia Federal que diziam respeito somente a ele, e não a adversários políticos. A informação foi divulgada nesta segunda-feira 27.
Na tentativa de defender o presidente da República, a congressista disse que ele não queria que a PF repassasse informações “sobre o José Dirceu, por exemplo”.
“O ponto é que ele [Bolsonaro] falava que gostaria de ter acesso a informações relativas a ele, não contra outras pessoas. Um [dos casos] é a tentativa de assassinato a ele, que até hoje não se descobriu o mandante. Ele não queria que a PF repassasse informações sobre o José Dirceu, por exemplo. O que ele queria eram os últimos acontecimentos do país dentro de cada órgão, aquelas [informações] que podem se tornar públicas. Por que ele pode saber informações de outros órgãos, e não da PF?”, afirmou a parlamentar, de acordo com o veículo.
A outros veículos, Carla Zambelli também atribuiu a insatisfação de Bolsonaro com a PF à falta de atenção com possíveis desvios de verbas nos repasses emergenciais da União aos estados e municípios, em tempos de pandemia do novo coronavírus.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, a deputada declarou que a distribuição de “bilhões e bilhões de reais” aos governadores despertou em Bolsonaro a suspeita de corrupção, mas o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, não correspondeu à sua preocupação.
“Teve uma reunião que o Moro falou para o Valeixo: ‘Como estão indo as investigações em relação a possíveis desvios de verbas nos estados?’. E o Valeixo disse: ‘É, tá indo’. Então assim, a coisa estava muito devagar. A gente não pode, no meio de uma pandemia, ter um surto de corrupção estadual e a Polícia Federal não fazer nada. Foi justamente por isso que a briga começou”, relatou a congressista.
Carla Zambelli também declarou à Jovem Pan que Bolsonaro ficou descontente com a “demora” da Polícia Federal em solucionar o caso do porteiro que havia vinculado o presidente da República ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Em fevereiro deste ano, um laudo pericial rebateu o depoimento do porteiro.
Em pronunciamento na sexta-feira 24, Bolsonaro se queixou de que a Polícia Federal não apresentava esforços para investigar sobre a facada que sofreu durante a campanha eleitoral em 2018.
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