Bolsonaro recebeu Marcos do Val sabendo que a reunião seria sobre Moraes

À PF, o ex-presidente alegou 'não saber ao certo se a iniciativa da reunião foi de Marcos do Val ou de Daniel Silveira'

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP

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O ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou em depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira 12, seu encontro com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) em 8 de dezembro de 2022.

Bolsonaro admitiu, também, ter sido avisado sobre o teor da reunião.

“Indagado se Daniel Silveira adiantou que seria tratado algo sobre ministro Alexandre de Moraes, o declarante [Bolsonaro] respondeu que, segundo Daniel Silveira, o senador Marcos do Val também gostaria de tratar sobre algum assunto referente ao ministro, sem nenhum outro detalhe ou conotação pessoal”, diz o registro da oitiva, realizada em Brasília.

Nesse momento do depoimento, Bolsonaro também alegou que “não teve contato anterior” com Do Val. Na sequência, ele afirmou não manter “relação pessoal” com o senador e que “não sabe ao certo se a iniciativa da reunião foi de Marcos do Val ou de Daniel Silveira”.

Apesar de confirmar o encontro, o ex-capitão negou ter discutido algum plano para gravar o magistrado do STF e disse que, “inclusive, nada foi falado sobre o ministro Alexandre de Moraes”.

A PF queria saber o nível de envolvimento de Bolsonaro em uma confusa trama descrita por Do Val em fevereiro deste ano. Naquela ocasião, o senador disse ter sido chamado por Silveira para gravar ilegalmente Moraes. A intenção seria forçar uma declaração comprometedora do ministro que servisse de pretexto para uma ruptura.


Após a denúncia original, Do Val apresentou diversas versões conflitantes sobre o suposto plano. Em junho, ele se tornou alvo de uma operação da PF para buscar e apreender provas da trama. A coleta de documentos foi autorizada por Moraes e chegou a contar com um pedido de prisão apresentado pela corporação, mas barrado pelo ministro.

Em suas idas e vindas, Do Val chegou a dizer que Bolsonaro  indicou concordância com a ideia golpista. Em outro momento, recuou e afirmou que o então presidente “ouviu tudo e ficou calado”.

Ao prestar depoimento à PF em fevereiro, o senador também declarou que Bolsonaro não teria demonstrado contrariedade ao plano.

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